Foto: Tácio Moreira/Metropress

Se não fosse a realidade imposta mais uma vez pela pandemia da Covid-19, baianos, soteropolitanos e turistas estariam nesta segunda-feira, 28 de fevereiro, lotando as principais avenidas dos circuitos do Carnaval para aproveitar a maior festa popular do país.

Desde de março de 2020 até então, lá se vão dois anos sem a folia momesca. O Bahia Notícias ouviu o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e considerado um dos maiores pesquisadores sobre o Carnaval do Brasil, Paulo Miguez, para entender os impactos culturais e socioeconômicos que a ausência da festa traz.

Miguez trouxe um breve histórico do surgimento do Carnaval no mundo e sua chegada no Brasil pela Bahia. Diferentemente do que apostam alguns pesquisadores, Paulo Miguez garante que a festa ganhou espaço no Brasil após receber na Bahia os primeiros moldes do que seria o Carnaval que temos hoje.

“Este Carnaval que nós temos com desfiles, bailes, carros alegóricos, é uma festa que se espalhou mundo afora vindo da França. O que os pesquisadores relatam é a existência do Entrudo, uma festa portuguesa e ibérica que chegou a nós logo nos primeiros momentos da vinda dos portugueses. Por tanto, antes de chegar ao Rio de Janeiro, chegou na Bahia. Não esqueça que Salvador, a cidade da Bahia, era a cidade mais importante do atlântico sul, e não o Rio de Janeiro”, defendeu.

O pesquisador considerou ainda o papel da folia momesca para a cultura e conformação do povo baiano. Para ele, a não realização do evento por mais um ano reflete em um ‘imenso prejuízo’. Em sua opinião, não apenas os aspectos culturais sofrem as duras consequência da falta, mas o impacto, também é sentido no bolso daquelas pessoas que fazer o carnaval, levará um tempo para ser esquecido.

“Na contemporaneamente, o prejuízo pela não realização do carnaval não se esgota aí. Alcança uma outra dimensão que se tornou forte nas últimas décadas que é o fato de que não existir carnaval provoca impactos pesados do ponto de vista socioeconômico. Isso  porque o carnaval movimenta uma quantidade de recursos expressivos tanto para o público quanto privado”, ponderou.

É dentro deste aspecto que Miguez chama atenção para a necessidade dos poderes públicos, tanto no âmbito municipal quanto estadual, se unirem às entidades representativas e pensarem juntos formas de minimizar os impactos impostos pela Covid-19. O pesquisador acredita ainda que, passado o período pandêmico, o povo baiano mostrará ao mundo como se faz Carnaval.

E, apesar do hiato, pouco se perderá dá característica já conhecida internacionalmente da folia momesca. “Carnaval é cidade. Essa é uma parte importante: O carnaval é o território simbólico que só se realiza no território da cidade. Daquela cidade efêmera que é erguida para que a festa aconteça. Não há possibilidades de pensar um carnaval sem referências deste território. […] Venceremos a pandemia e faremos o maior Carnaval de todos os tempos”, apostou. Bahia Notícias