A jornalista Fernanda Chaves, sobrevivente ao crime que resultou na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018, mostrou o rosto em rede nacional pela primeira vez desde então. Neste domingo 10, em entrevista ao Fantástico, ela diz que não pretende mais preservar a identidade após quase um ano se escondendo por temor de novos ataques.

“Quero retomar a vida. Não faz sentido eu estar numa sombra, isso reforça a ideia de que sou uma testemunha ocular e tenho alguma informação privilegiada. Eu apenas ouvi uma rajada”, contou a jornalista, que afirma não ter reconhecido os autores dos disparos contra a política, de dentro do carro.

Fernanda atuava como assessora de Marielle. Temendo outro atentado após o crime, ela relatou que viveu meses escondida na Espanha e na Itália. A jornalista classificou como uma “vergonha mundial” o fato do assassinato não ter sido desvendado quase um ano depois.

“Não é possível que a gente vá continuar passando essa vergonha no mundo, que é o que está acontecendo agora, de não responsabilizar ninguém por esse crime bárbaro”, disse. Questionada pela reportagem, ela não quis apontar suspeitos e evitou relacionar o assassinato às milícias da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo Chaves, o mandato de Marielle estava mais dedicado ao enfrentamento de questões de gênero do que ao combate contra milicianos. De forma geral, porém, a ex-assessora considera que a vereadora “incomodava” em seu cargo e sofria rejeição de alguns parlamentares. “Muitos não queriam dividir o espaço com uma mulher lésbica e negra”, relatou. (Veja Abril)