Foto: Caue Souza/Reprodução

Um decreto baixado pela prefeitura de Valença, proibindo o funcionamento de agências bancárias, provocou a reação de dois municípios vizinhos do Baixo-sul baiano. Temendo uma invasão de moradores de Valença em busca dos serviços bancários, as administrações de Nazaré das Farinhas e Taperoá decidiram bloquear, a partir desta segunda-feira, 6, o acesso ao município de pessoas de cidades vizinhas.

A suspensão dos serviços bancários, inclusive nos caixas automáticos, faz parte das estratégias adotadas pelo prefeito Ricardo Silva Moura para reduzir o número de infecções pela Covid-19 em Valença. Além da suspensão dos bancos durante esta semana, o prefeito decidiu também reduzir o horário de funcionamento do comércio.

A cidade do Baixo-Sul já registrou 23 mortes e 735 casos confirmados do Covid-19, sendo 412 ativos, segundo boletim divulgado no último domingo. A prefeita de Nazaré das Farinhas, Eunice Barreto, contou que os bloqueios foram realizados com o apoio de policiais militares e civis. Nazaré fica a 46 km de distância de Valença.

“Tendo em vista que a cidade de Valença decretou fechamento dos bancos, e que tal medida deve impactar no aumento de pessoas em nossa cidade, vamos intensificar as barreiras e instalar mais uma nas proximidades do trevo da Jueirana de Baixo, bairro muritiba”, contou a prefeita, em um vídeo nas redes sociais.

De acordo com ela, todos os moradores de cidades vizinhas não poderão entrar em Nazaré. “ Precisamos proteger e cuidar dos nossos. Que Deus nos proteja, vamos para mais uma batalha”, afirmou Barreto no vídeo.

Seguindo a mesma política adotada em Nazaré das Farinhas, o prefeito de Taperoá, Rosival Lopes, também gravou um vídeo no último domingo, 5, anunciando um reforço na barreira sanitária da cidade e estabelecendo a permissão de uso dos bancos e correspondentes bancários apenas aos moradores do município.

“Só serão atendidos em bancos e lotéricas, e correspondente bancário, pessoas que morem no município e que comprovem com seu comprovante de residência”, afirmou Lopes. “Tudo isso é para o combate e a diminuição da contaminação do Covid-19 em nosso município”, acrescentou ele.

Decisão Polêmica

A decisão polêmica de fechar as agências bancárias deve impactar toda região. Valença é um dos poucos municípios que possui bancos das principais bandeiras. Diariamente, moradores de diversas cidades vizinhas migram até o município para acessar as agências bancárias e fazer compras nos hipermercados da cidade. A moradora da Gamboa do Morro,ilha do arquipélago de Cairu, Francilene Soares é uma das que costuma ir até a cidade para utilizar as agências bancárias e fazer compras.

Ela afirma que o fechamento dos bancos vai prejudicar toda região, já que no arquipélago de Cairu, os bancos sofrem com o desabastecimento. “Em Morro de São Paulo tem uma lotérica que nunca tem dinheiro; Há também um caixa Bradesco que vive sem cédulas. Tudo funciona através de Valença. Vamos para lá usar os bancos e fazer compras. A prefeitura não está sabendo como administrar esse fechamento”, lamenta a dona de casa.

Outro que reclama da decisão da Prefeitura de Valença é o servidor público Vitor Gabriel, que mora em Valença há dois anos. “Os protocolos de abertura e fechamento das atividades comerciais aqui em Valença prejudicam os próprios comerciantes. Não há sequer previsibilidade das ações”, lamentou Gabriel.

De acordo com o servidor, as medidas em Valença são anunciadas com pouquíssima antecedência. “Dessa forma, dias antes do fechamento, a população corre para resolver suas coisas no Centro, o que causa uma aglomeração terrível. No dia da abertura, como suas demandas estavam represadas, há uma nova corrida para o Centro. Tudo isso em apenas um turno de funcionamento do comércio. Logicamente, o número de casos estará sempre aumentando”, opina Gabriel. Informações do Jornal A Tarde