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Aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma das parlamentares mais atuantes para barrar a vacinação e outras medidas de combate à Covid-19 durante a pandemia, a deputada federal Bia Kicis (PL) pretende cobrar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sobre a vacinação contra dengue no país.

Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, Bia Kicis protocolou requerimento de sua autoria para convocar a ministra a “prestar esclarecimentos”.

Segundo o documento, Nísia teria que explicar a suposta opção do ministério de “preterir a vacina japonesa contra a dengue, autorizada pela Anvisa, em favor de vacina nacional, ainda em produção”.

O requerimento seria o único item da pauta da comissão nesta quarta (12), mas a reunião que havia sido convocada foi cancelada. Com isso, o tema só deve voltar à pauta do colegiado após o recesso legislativo, em agosto.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou em março a vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda, para uso em pessoas de 4 a 60 anos no Brasil. As doses já chegaram à rede privada, mas o governo ainda discute com o laboratório a compra para uso na rede pública.

O Brasil já usa, também na rede privada, as doses da vacina francesa Dengvaxia para quem já teve dengue em outras ocasiões. O Instituto Butantan desenvolve um imunizante próprio há mais de 10 anos, e o cronograma atual prevê a conclusão dos testes nos próximos dois anos.

A vacina Qdenga mostrou, em ensaios clínicos, ter uma eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose. A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%.

O governo brasileiro e o laboratório japonês ainda discutem pontos-chave para a aquisição do imunizante, como o preço por dose, a capacidade de produção de grandes lotes para a compra ministerial e a possibilidade de incorporação da tecnologia pelo Brasil.

Histórico de negacionismo

A iniciativa de Bia Kicis de pressionar pela compra ágil de um imunizante recém-aprovado, no entanto, destoa da posição da parlamentar nos últimos quatro anos.

Eleita para seu primeiro mandato em 2018, na esteira da campanha de Jair Bolsonaro, Bia Kicis foi uma das integrantes mais vocais da bancada que, no Congresso, validava as declarações do então presidente que minimizavam o risco da Covid e as estratégias de combate ao vírus.

Em setembro de 2020, por exemplo, Bia Kicis apresentou um projeto de lei para impedir que autoridades pudessem adotar a vacinação compulsória como forma de controle da Covid.

O texto não avançou na Câmara. Na justificativa da medida, Bia Kicis dizia que “a comprovação científica da vacina contra a Covid-19 somente se dará em aproximadamente dez anos, motivo pelo qual a compulsoriedade da vacinação precisa ser extirpada” da legislação.

Bia Kicis também espalhou, ao longo dos dois anos mais graves da pandemia, diversas informações falsas sobre as diferentes vacinas desenvolvidas contra a Covid – incluindo as doses voltadas ao público infantil.

Em janeiro de 2022, a deputada confessou ter divulgado, em um grupo do WhatsApp, os dados pessoais de três médicos que defendem a vacinação de crianças contra a Covid.

Os três apresentavam na época argumentos contundentes em defesa da vacina contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos, postura contrária a que o presidente Bolsonaro defendia.

Em março de 2022, o YouTube chegou a bloquear por sete dias a conta oficial de Bia Kicis – também, por divulgação de mentiras sobre a imunização infantil. G1