A América Latina registrou aumento de 243% nos ataques à liberdade de imprensa entre 2018 e 2019. Apenas no ano passado, foram 2.521 registros, o que equivale a uma média de 7 ocorrências por dia. Deste total, o Brasil ficou responsável por 130 ataques, sendo 59 de discurso estigmatizante, com 58% deles vindos da Presidência da República.
O índice do discurso estigmatizante se refere a casos de insultos ou desqualificações por parte de autoridades e/ou outras figuras públicas influentes, além de campanhas sistemáticas de desprestígio do trabalho jornalístico.
Os números de 2019 deixaram o Brasil na sexta colocação da América Latina, atrás de Nicarágua (1.267), Venezuela (642), Equador (194), Bolívia (162) e Honduras (131). Os resultados foram divulgados pela rede Voces del Sur, parceira da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). De acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira (9), todos os países viram os alertas aumentar entre 2018 e 2019.
“No Peru e no Uruguai, o aumento pode estar associado a incidentes específicos e não necessariamente a uma piora das condições estruturais; ainda assim, a tendência é preocupante. No resto da região, os dados falam de uma rápida deterioração da liberdade de expressão, liberdade de imprensa e acesso à informação”, diz trecho do documento.
Entre os ataques, o abuso de poder estatal foi o que sofreu maior aumento, com alta de 879%, seguido da tortura, que cresceu 800% em um ano, fazendo 18 vítimas em 12 meses. Em seguida aparece o discurso estigmatizante, com variação positiva de 170%, à frente de agressões e ataques, que aumentou 153% no período, passando de 306 para 775 ocorrências.