Desde quando a canonização de Irmã Dulce foi confirmada, em maio deste ano, o número de encomendas da imagem da santa triplicou em uma fábrica que fica no bairro de Cidade Nova, em Salvador. A fábrica foi fundada há 66 anos, no bairro da Liberdade, e é a única indústria responsável por produzir estátuas com a imagem da futura santa.

A beata frequentava o local e sempre estava em busca de imagens que representassem a fé católica. Irmã Dulce sempre subia as ladeiras do bairro até chegar na fábrica, que fica a cerca de 5 km das Obras Sociais (OSID), onde passava a maior parte do tempo.

“Ela sempre nos visitava aqui e estava presente com a gente. Às vezes, trazia algumas imagens para restauração e sempre acompanhava a gente. Dulce é nota mil, não tem o que falar. Ela está sempre com a gente. Ela se foi na matéria, mas espiritualmente está sempre presente”, contou Vitório Salvetti, atual dono da fábrica.

A indústria foi criada por dois amigos italianos que fugiam da guerra. Atualmente, a fábrica produz imagens da santa em cinco tamanhos diferentes. Elas são entre 10 e 30 centímetros, além da santa com o rosto de bebê, para inspirar crianças.

“Aqui em Salvador a gente não vê muita fábrica de santos. Na realidade, a única que tem é a da gente. Apesar dos desafios, aqui é feito com a mão, é feito tudo muito bonito. Eles sabem o nosso prazo, a gente tem um prazo de entrega. Irmã Dulce nos ajuda bastante”, afirmou Ingrid Salvetti, administradora da fábrica.

A artesã Maria da Glória, que conheceu Irmã Dulce, participa diariamente da produção. Ela afirma que pede ajuda à futura santa não apenas para a rotina do trabalho, onde pinta as imagens, mas para a mudança na atual realidade no mundo.

“[Quando viu Irmã Dulce pessoalmente] Eu fiquei parada olhando. Era tão fragilzinha, mas tão grande como pessoa, como ser humano. Era uma pessoa incrível. Eu peço a ela para me dar forças, saúde e me livrar do mal. O mundo está terrível. Nós precisamos de muito amor para suportar o que existe aqui”, disse a artesã.

Já o operário Paulo César, se enche de orgulho por poder participar da fabricação das imagens. Ele contou que ficou gratificado com o momento. “Queira ou não queira, tenho a participação nisso. Talvez não apareça, mas sabendo que tem uma parcela que faz parte do ciclo. A gente fica gratificado, muito mesmo, estar participando disso”, contou Paulo.

Na Baixa do Bonfim, um casal uniu forças para manifestar, através da arte, a gratidão ao Anjo Bom dos Pobres. A empresária Maria do Carmo e o economista Josué Bonfim também fazem pintura em imagens, além de crochê, terços, chaveiros e objetos em biscuit.

“A gente começou a produzir porque a gente já fazia outras imagens de santas. Eu nunca tinha feito da Irmã Dulce. Deu desejo de fazer quando eu vi a baby [estátua com rosto de bebê], porque no santuário tinham todas, menos a dela. E como eu trabalho com Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, me deu vontade de trabalhar com ela [Irmã Dulce] também”, contou Maria do Carmo.

O trabalho do casal começou quando Josué ficou desempregado e quis surpreender a mulher com uma produção feita por ele mesmo. “Foi uma surpresa para ela, porque ela usa sempre o terço. Eu peguei e fiz. Na hora que eu dei para ela, ela achou lindo e falou para a gente apresentar. Deu certo”, disse o economista.

Maria do Carmo complementou, ainda, sobre a gratidão que sente em relação a futura santa. “Eu me sinto pequena e ao mesmo tempo agradecida demais por Deus me mandar uma parceria com Irmã Dulce. Ela acabou sendo minha parceira de evangelização e emociona muito a gente”, contou Maria. G1