Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quem assistiu à sessão da Câmara dos Deputados que votou a PEC dos Precatórios teve a impressão de que os papéis se inverteram. Os bolsonaristas deram a impressão de que são os defensores dos fracos e oprimidos, papel da esquerda, chamada de ‘inimigos do povo’, que os chamava de corruptos.

No frigir dos ovos, cheirou mal. Diz o governo que dos R$ 91,6 bilhões que a tal PEC abre de brecha nos gastos, R$ 50 bilhões vão para o auxílio emergencial, outros R$ 24 bilhões para os ajustes dos benefícios vinculados ao salário mínimo, e R$ 10 bilhões ‘para atender às demandas da sociedade’.

É aí que mora o xis da questão. Diz-se que uma dinheirama de muitos bilhões vai bancar o orçamento secreto, uma espécie exótica na cena das traquinagens, alguém assegurar o dinheiro, sem ter o projeto, algo nunca visto, que o STF barrou antes mesmo de valer.

Toma lá

É a típica história de final previsto: a gente morre. Óbvio que o pano de fundo do cenário é 2022. O Auxílio Emergencial, sucessor do Bolsa Família, só vai durar um ano, com a ressalva de que desde que existe nunca precisou disso. Como também os outros efeitos são para durar um ano também, o da eleição. Bolsonaro passou mais de três anos sem partido, e montou seu mix de apoios com a força da caneta que escancara o cofre.

Justo ele, que ganhou a eleição e iniciou o mandato amaldiçoando o ‘toma lá, dá cá’, entra pesado no ‘toma lá’. Se vai ter o ‘dá cá’ é outro papo. Bahia.ba – por Levi Vasconcelos