(Foto: Bruno Wendel/CORREIO)

Após a polícia declarar que elucidou a chacina que vitimou quatro motoristas de transporte por aplicativos na Mata Escura, em dezembro de 2019, uma fonte da Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou ao jornal Correio que existe uma nova versão para o crime. 

Contrariando a versão apresentada pela polícia de que os crimes foram motivados por um assalto frustrado, as mortes com sinais de tortura teriam sido cometidas pela facção Bonde do Maluco (BDM) como uma espécie de resposta à ação policial realizada dias antes na comunidade Paz e Vida, local da chacina. A reportagem narra que policiais teriam ido ao local disfarçados de motoristas de aplicativo para chegar a um alvo.

Na nova versão, dois policiais civis e um policial militar que trabalhava à paisana teriam entrado na comunidade Paz e Vida em um carro que tinha um adesivo luminoso indicando que o veículo era conduzido por um motorista de aplicativo. A ação teria sido feita uma semana antes da chacina. 

Quando chegaram, os três policiais teriam descido armados e provocado pânico nos moradores da comunidade, que fica nos fundos do Complexo Penitenciário da Mata Escura. 

CONTRADIÇÃO
A Polícia Civil deu o caso como encerrado, no entanto o motorista sobrevivente da chacina disse em depoimento à polícia e a uma emissora de TV que ao chegar no cativeiro, após ter sido levado pelos traficantes a um dos barracos da Paz e Vida, já encontrou uma das vítimas morta, indo de encontro com a versão apresentada pelo delegado Odair Carneiro, da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), unidade do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Na primeira versão, contada pela categoria de motoristas, as mortes foram uma vingança do traficante Jel pelo fato de um motorista de app ter se recusado a entrar na comunidade quando a mãe dele precisa do serviço, pois necessitava de deslocamento para atendimento médico de urgência.

A versão apresentada pela Polícia Civil diz que, inicialmente, a intenção dos traficantes era só roubar os carros, celulares e dinheiro dos motoristas para fazer dinheiro, mas não contavam com a reação de duas das vítimas e decidiram matar todos.

A nova versão sustentada por fonte da SSP aponta que as mortes cometidas pela facção BDM teriam sido uma resposta à ação policial realizada dias antes na comunidade Paz e Vida. A versão se sustenta na dúvida que levou a Polícia Civil declarar que as mortes aconteceram devido à reação de duas das cinco vítimas que estavam no cativeiro, quando o sobrevivente disse que ao chegar no local já havia um dos motoristas morto.

A Polícia Civil disse que encerrou o caso com a prisão da última pessoa envolvida na chacina, a travesti Amanda – os outros quatro que participaram do crime foram mortos pela polícia e por rivais. No entanto, durante coletiva, Amanda disse que outras duas travestis também atuaram como iscas para levar as vítimas para a morte.