Para políticos, juristas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a publicação de uma nova leva de diálogos entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato elevou a pressão já existente sobre o atual ministro da Justiça. Divulgadas pela revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil, as conversas apresentam novas evidências de como Moro interferiu nos rumos da força-tarefa.

Assim, após a publicação da matéria na sexta-feira (5), dois integrantes do STF disseram que há, pela primeira vez, indicação cristalina de, ao menos, falta administrativa grave por parte de Moro. Os magistrados, cuja identidade não foi revelada, foram ouvidos pelo blog Painel, da Folha de S. Paulo. O jornal também tem atuado como parceiro do Intercept, publicando matérias que visam reforçar a denúncia feito pelo site de que Moro atuou como coordenador indireto da Lava Jato e não como o juiz isento que deveria ser.

Nos registros divulgados pela Veja, Moro solicitou a inclusão de documentos em peças de acusação para torná-las mais robustas e orientou investigadores a retardarem o cadastramento de arquivos que implicavam pessoas com foro privilegiado, a fim de manipular o momento em que esses dados seriam remetidos ao STF.

Com isso, o Painel ressalta que até operadores do direito que antes defendiam a conduta de Moro estão revendo suas posições. Um exemplo disso é o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Antes, ele pregava cautela sobre os vazamentos e agora afirma que “se vê efetivamente um pendor do juiz na orientação da acusação”.