Os moradores das casas que desabaram com a queda de parte da BA-046, em Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano, seguem sem respostas das autoridades nove meses após a situação. O desmoronamento dos imóveis ocorreu em dezembro do ano passado. Na época, duas casas caíram e outras foram interditadas, junto com parte da pista, que teve o trânsito desviado por dentro da cidade.

Na época, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) informou que o problema foi provocado pelo lançamento de esgoto clandestino no local e pela pressão da água da chuva. Os moradores afetados pelo problema foram incluídos no sistema de aluguel solidário, no entanto, o benefício acaba em dezembro e as famílias ainda não sabem o que vai acontecer a partir do ano que vem.

“Foi um desespero, porque eu estava lavando roupa no momento, meu marido tava almoçando e meu filho se arrumando para a escola. Quando a gente viu, estava tudo desabando. Nós tivemos que sair às pressas. O pessoal que estava passando que ajudou, mas mesmo assim quebrou tudo. Foi um sufoco”, contou a vendedora Marinalva Sátiro.

“A vida da gente se transformou. Está tudo de pernas para o ar. Porque nós não temos respostas de nada. Não sabemos se a gente vai voltar para aqui ainda, porque a pista está certo ser consertada, mas nossas casas, até hoje, ninguém deixou certo o que vai fazer”, completou.

Dona Terezinha Ferreira, de 72 anos, é sogra de Marinalva e conta que morava no imóvel com uma filha, que é deficiente. Ela conta que criou todos os filhos no local. Durante entrevista, a idosa mostrou as escrituras dos imóveis e, emocionada, disse que está com medo de ficar sem teto.

“Não sei se a gente vai ficar aqui. Eu não sei onde a gente vai parar. Se vão reconstruir, se não vai. Porque nós não temos decisão de nada. Procura um órgão não é aqui, procura outro não é ali. Ninguém toma providência. Eu estou doente. Tenho uma neta deficiente, tenho filha deficiente. E eu fico em uma vida com meus filhos todos longe de mim. Estou sem forças até para limpar a casa. Não tenho mais forças para nada”, disse dona Terezinha.

Trânsito desviado

Com o desvio feito na rodovia, os motoristas precisam passar pelo centro da cidade de Santo Antônio de Jesus. Um mototaxista conta que a situação tem gerado engarrafamento nos horários de picos. “Tem um bocado de tempo essa obra aí. Quando foi agora eles interditaram de vez, que não passa mais nada. Já era para ter acabado essa obra aí. Fica tudo engarrafado, destruindo a cidade. Não tem como passar de moto, porque as carretas não deixam. A rua é pequena. Então, embola tudo”, disse Cristóvão Luciano Jesus Santos.

Um restaurante que fica perto da rodovia tem tido prejuízo. O estabelecimento servia 100 almoços por dia, mas depois da interdição caiu para 40. O proprietário contou que precisou adiantar as férias de dois funcionários por conta dos problemas.

“Caiu de 50 a 60% o movimento da gente, devido à interdição da pista. Prejuízo a gente chega a 60%”, contou o empresário José Antônio Marinho. A Secretaria de Infraestrutura do Estado disse em nota que o tráfego de veículos foi modificado para recuperação do aterro e que a obra está prevista pra terminar neste mês. O órgão também disse que a Embasa vai fazer um relocamento da rede de água e esgoto que passa pela rodovia. G1