Aumentou em 20% o número de assassinatos de indígenas no Brasil em comparação com o último levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Os dados mais recentes são de 2018, quando foram registradas 135 mortes, e foram publicados nesta última terça-feira (24). No ano anterior, foram 110 casos de assassinato.

Segundo o relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil”, em três décadas foram 1.119 casos de assassinatos de indígenas no país. Em 2018, o estado com maior número deste tipo de morte foi Roraima (RR), com 62 casos, seguido de Mato Grosso do Sul (MS) com 38.

Este levantamento também registrou 110 casos de “violência contra a pessoa” que podem ser abuso de poder, racismo, violência sexual e ameaças de morte. O relatório destacou que, apenas no ano passado, 53 indígenas foram vítimas de tentativas de assassinato.

O relatório destaca para o número de atropelamentos que vitimam indígenas e a omissão de motoristas que fogem sem prestar socorro. No ano passado, 18 casos de atropelamentos fatais mataram indígenas que caminhavam ou se locomoviam de bicicleta na beira das estradas.

Dados preliminares

De janeiro a setembro de 2019, o Cimi apontou para um aumento nos casos de invasão e exploração ilegal de terras indígenas. Com dados parciais e preliminares, o conselho alerta para 160 casos de invasão em 19 estados.

Antes do fim do ano, o número já é mais de 40% maior que o consolidado de 2018, com 111 invasões registradas. Rondônia e Amazonas foram, no ano passado, os estados com maior incidência desta ação.

De acordo com a instituição, a disputa pelas áreas indígenas atingiu “um nível preocupante” e isso põe em risco a sobrevivência de comunidades indígenas no Brasil. Em 2018, a comissão registrou no país 11 ocorrências de conflitos territoriais.

Saúde indígena

O relatório apontou também para os dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Em 2018 foram registrados 101 casos de suicídio entre esta população, com um aumento de casos no estado do Mato Grosso do Sul que foi de 31, em 2017, para 44, em 2018. O Amazonas é o segundo estado com dados expressivos desta forma de violência, com 36 casos de suicídio.

A metade está concentrada no Alto Rio Solimões. Outro índice que o relatório destacou foi a mortalidade infantil entre a população indígena. Apenas em 2018, foram 591 casos de morte de crianças de entre 0 e 5 anos. O Amazonas é responsável por quase metade deste número, com 219 casos.

O Cimi ponderou, entretanto, que dados de tanto suicídios, como mortalidade infantil são parciais e sujeitos a atualizações e não excluiu a possibilidade de apresentar um aumento nestes casos. G1