Agência Brasil

O ex-ministro da Fazenda e criador do teto de gastos, durante a gestão de Michel Temer (MDB), Henrique Meirelles falou em entrevista ao jornal Folha, que a gestão de Paulo Guedes, a frente do Ministério da Economia, não está funcionando. Ele também pontuou que é difícil saber os motivos que levaram o ministro a querer furar o teto de gastos. “Posso ter opiniões, palpites. O fato é que não está funcionando. O por quê, exatamente, já fica um negócio complicado […] Ele tem, de fato, dificuldade grande de lidar com o Congresso, mas o fato é que a própria administração econômica não vai bem. Por exemplo, a declaração dele de que vão pedir waiver do teto. Waiver lembra dos piores tempos do Brasil. A última vez que o Brasil pediu waiver foi do FMI. Quando o país estava quebrado. E do jeito que está, caminha para isso”, afirmou.

Questionado se o poder legislativo poderia representar uma parte do problema em relação a gestão do país, o ex-ministro afirmou que sempre será, uma vez que existe a necessidade de lidar com pessoas de diferentes regiões e, consequentemente, interesses distintos. “O Legislativo, como sempre é (um problema), em qualquer circunstância em qualquer país, um grupo grande de pessoas, cada um representando sua região, seu estado, seu setor, seus interesses, é normal isso”, explicou Meirelles. Atualmente na Secretaria da Fazenda e Planejamento do governo de São Paulo, Meirelles que sua experiência no cargo federal também teve diversos momentos onde sofreu pressões e questionamentos. No entanto, ele resolveu com “conversa franca, objetiva e firmeza”.

“Quando eu apresentei a proposta de teto de gastos de 2016, não só aqui, mas também os investidores no exterior, me diziam que não ia ser aprovado nunca, que eu estava propondo que o parlamentar limitasse a própria capacidade de gastar […] Eu fui ao Congresso, fiz reuniões com bancadas de duas horas de duração. E funcionou. Foi aprovado. É preciso determinação, clareza e firmeza”, contou o secretario. Sobre a ideia de romper o teto de gastos estipulado, Henrique Meirelles avaliou como retrocesso. “Eu acho que, de fato, romper o teto seria um retrocesso enorme. Nós corremos o risco de voltar ao tipo de recessão que tivemos em 2015 e 2016. Tão simples quanto isso”, concluiu.