Tiago Caldas/Correio da Bahia

O óleo vazado ainda atinge praias baianas. Foram 800 quilos de petróleo recolhidos em Santa Cruz Cabrália, segundo a secretaria municipal do Meio Ambiente, somente nesta última quarta-feira (27). Outras localidades do sul baiano, como Belmonte, Una e Canavieiras são atingidas, com diferentes intensidades ao longo dos dias, desde o final de outubro, diariamente.

Até agora, a região sul tem sido a mais atingida pelo vazamento de óleo que atingiu o estado, pela primeira vez, no início de outubro. O último balanço divulgado pelo Ibama, na tarde de quarta, mostra seis municípios ainda com vestígios de óleo. Estão na lista as cidades de Entre Rios, Cairu, Igrapiúna, Maraú, Porto Seguro e Una.

Na lista, no entanto, não constam cidades como Belmonte, Una e a própria Santa Cruz Cabrália – onde a Marinha do Brasil afirmou, à reportagem, que há efetivo responsável, desde então, pela retirada do material. Dos 31 municípios baianos atingidos pelo óleo, 20 estão no sul.

O oceanógrafo Guilherme Lessa, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), explica que a ação de uma corrente marinha chamada corrente do Brasil, e a ação dos ventos, especificamente nas estações primavera e verão contribuem para a chegada do óleo mais a sul. Os estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro já foram atingidos.

“No atlântico sul, a corrente do Brasil faz um giro nas bacias e flui para o sul a partir do estado de Alagoas. Enquanto o óleo estiver profundo, a corrente do Brasil vai atuar. Quando o óleo está mais acima, é o vento principalmente que desloca esse material.”
Por isso mesmo, os grupos de voluntários permanecem articulados na vistoria das praias.

Nas cidades de Belmonte e Canavieiras, por exemplos, os grupos SOS Mangue Mar de Canes e SOS Mangue Mar Belmonte. Num grupo de Whatsapp, marisqueiras e pescadores de Belmonte articulam diariamente as ações. Na manhã desta quinta (28), temiam a chegada de uma quantidade maior de óleo às praias da região.

A reportagem questionou o motivo de alguns municípios onde ainda há óleo não constarem na lista do Ibama, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem. “Vamos dialogar para não perder o foco e construir estratégias para que o monitoramento não pare, apesar de estarmos cansados fisicamente, emocionalmente, psicologicamente”, conta Pedrina Oliveira, marisqueira envolvida desde o início das coletas.

Cada registro em praias do sul, explica Raimundo Bonfim, um dos coordenadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), sediado em Canavieiras, acende um novo alerta para outros municípios. “Quando atinge um local, ficamos preocupados com a possibilidade de atingir pontos próximos. No nosso caso, por exemplo, a preocupação é quando chega em maior quantidade em Ilhéus”, diz.

A Bahia também tem a maior quantidade de localidades manchadas pelo óleo, cuja origem é atribuída pela Polícia Federal a uma embarcação grega. Das 790 localidades atingidas – a conta inclui as que foram atingidas somente uma vez e mais de uma vez -, 294 são baianas.

Municípios baianos atingidos
Alcobaça
Belmonte
Cairu
Camaçari
Camamu
Canavieiras
Caravelas
Conde
Entre Rios
Esplanada
Igrapiúna
Ilhéus
Itacaré
Itaparica
Ituberá
Jaguaripe
Jandaíra
Lauro de Freitas
Maraú
Mata de São João
Mucuri
Nilo Peçanha
Nova Viçosa
Porto Seguro
Prado
Salvador
Santa Cruz Cabrália
Una
Uruçuca
Valença
Vera Cruz. Correio da Bahia