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A chegada do petróleo cru no litoral de Morro de São Paulo, em Cairu, Baixo-Sul do estado, fez com que o número de reservas para o verão caísse em 30%, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A informação é da Associação Comercial e Empresarial de Cairu. Segundo a associação, a crise política e econômica pela qual passam Argentina e Chile também contribui para a queda nas reservas para o verão.

Segundo a Prefeitura de Cairu, o município conta com 9.418 leitos em 217 hospedarias, espalhadas pelas localidades de Morro de São Paulo, Boipeba, Moreré, Gamboa, Centro, Garapuá e São Sebastião.

“A chegada do óleo gerou quedas de reservas durante duas semanas, mas estabilizou. Para o feriado de 15 de novembro devemos ter 95% de lotação, mas as vendas futuras, para o verão, estão muito prejudicadas”, disse Cristian Willy, presidente da associação.

Para o empresário, a situação pode ser revertida até o final do ano, caso não chegue mais petróleo cru no litoral baiano. No entanto, nesta quarta-feira (13), a Prefeitura de Cairu confirmou que a praia de Garapuá apresentou novo registro de óleo. Segundo o órgão, a limpeza dos resíduos foi imediata e o monitoramento continua em todas as praias do arquipélago.

“Na última vez que chegou nem deu tempo de os turistas verem nada porque o pessoal age rápido, entre 5h e 6h já estão atuando e fazendo as coletas, quando o turista desse já encontra a praia limpa”, disse o empresário William Wazlawik, 41.

Dono de uma agência de viagens locais e uma loja de roupas na primeira praia de Morro de São Paulo, Wazlawik disse que empresários colaboram com os voluntários, dando quentinhas para os mesmos. Em cada praia tem um ‘QG de voluntários’.

“Há uma união muito grande para que essa questão do óleo não nos afete, pois aqui todo mundo vive do turismo, então estamos unindo nossas forças. Nos dias que teve óleo com mais intensidade tinha mais de 150 voluntários”, declarou.

Mudança de hábito

O que tem mudado nas praias de Morro de São Paulo são os hábitos de consumo dos turistas. Os pedidos de lambreta e ostra, por exemplo, caíram a quase zero. E quase ninguém tem para vender nas barracas.

Isso ocorre porque a lambreta e as ostras estão entre os animais responsáveis pelo papel de filtro dos mangues e, por isso, têm mais possibilidade de acumularem petróleo cru em caso de haver contaminação.

“O consumo de peixes reduziu quando apareceram as quantidades maiores de petróleo, mas agora já voltaram praticamente ao normal”, afirmou Juvenilson Lima Costa, 26, vendedor de um restaurante na segunda praia do Morro.

Na segunda-feira (11), o Ministério da Agricultura divulgou que “o pescado de áreas atingidas por óleo está próprio para consumo”, mas isso gerou contestação de pesquisadores que acompanham o assunto, conforme o CORRREIO mostrou em reportagem.

Poucos impactos

A situação de Morro de São Paulo, contudo, parece ser algo pontual na Bahia, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e a Associação Baiana de Viagens (Abav).

De acordo com essas entidades, mesmo com os problemas causados pela chegada do petróleo cru em quase todo o litoral baiano, o setor deve fechar o ano com crescimento de até 12%, e sem impactos no verão.

“O fluxo de turistas em Salvador e Litoral Norte deve aumentar em torno de 10% com relação ao mesmo período no ano passado. A mancha de óleo não ‘manchou’ o nosso turismo e já são águas passadas”, avaliou a presidente da Abav, Ângela Carvalho.

Presidente da seção baiana da ABIH, o empresário Glicério Lemos informou que “os clientes entenderam que o problema do petróleo é uma coisa passageira e muitos estão voltando a fazer reservas para o verão”.

“E nessa questão do Morro de São Paulo, creio que aparecerão novos clientes para garantir a lotação no verão. O Morro é muito querido, solicitado pelos turistas, se não tiver novos casos de óleo na praia vai ficar fácil de recuperar as reservas”, declarou. Correio da Bahia