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Cinquenta e um dias depois da confirmação dos primeiros casos, a ômicron já responde por quase todos os resultados positivos de Covid no Brasil. Das variantes do coronavírus, a ômicron foi a que se espalhou mais rápido pelo Brasil. É o que mostra um estudo da Rede Corona-ômica, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Os pesquisadores analisaram 208 mil amostras. Em 13 estados, a ômicron já é responsável por 100% dos casos de Covid. Nos outros 13 e no Distrito Federal, aparece em cerca de 90%.

O virologista Renato Santana, que participou da pesquisa, compara a velocidade de transmissão da ômicron com a da variante anterior, a delta. “A variante delta, que circulava no nosso país em cerca de 100% dos casos, demorou cerca de 20 a 25 semanas, ou seja, cerca de quase 4 a 5 meses para atingir 100% das infecções. A ômicron, em apenas seis semanas, ou seja, um mês, um mês e meio desde a sua introdução, já atingiu 100%”, explica o virologista da UFMG Renato Santana.

Uma rede particular de laboratórios, que contribuiu com amostras e análises na pesquisa, disse que com a ômicron a quantidade de testes de Covid que dão positivo disparou. “Na verdade, nunca foi visto em nenhuma outra epidemia ou pandemia do mundo. A gente saiu de dezembro com 8% de positividade, para a primeira semana de janeiro com quase 40% de positividade. Hoje, a gente está em 50% de positividade”, afirma Alessandro Ferreira, vice-presidente do Grupo Pardini.

O avanço da ômicron não aparece só nos dados reunidos pelos pesquisadores. Pode ser medido também pela população, que tem visto os casos aparecerem na família, na vizinhança e a grande procura por testes de Covid. Embora a maioria dos casos seja leve, graças principalmente à vacinação, os especialistas lembram que a ômicron não é inofensiva.

“Mesmo tendo uma proporção menor de casos graves, esse número absoluto de casos graves ainda é um número muito preocupante. Ele vai gerar um estresse sobre o sistema de saúde, dos hospitais, prontos-socorros, e pode ser que a gente tenha problemas em atender todas as pessoas que de fato necessitem ser atendidas pelo sistema de saúde, porque tem um caso que não é tão leve assim afinal”, explica o professor da Unesp Roberto Kraenkel.

Claudio Maierovitch, sanitarista da Fiocruz, reforça que medidas de proteção individual recomendadas durante toda a pandemia – como máscara, evitar aglomerações e esquema vacinal completo – continuam valendo. “Ainda tem uma proporção muito grande de pessoas que não receberam a dose de reforço, e já está demonstrado em vários estudos que a dose de reforço é mais importante ainda para ômicron, para evitar que as pessoas sejam internadas ou até mesmo que venham a ter doença grave e morrer”, afirma o sanitarista Claudio Maierovitch. G1