O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse nesta quarta-feira (3) que o tom das reuniões que o presidente Jair Bolsonaro terá com dirigentes partdiários será o de “dialogar, convidar e abrir as portas” para que integrem a base aliada.

Nesta quinta-feira (4), Bolsonaro vai receber os dirigentes do PRB, PSD, PSDB, PP, DEM e MDB. Na semana que vem, serão outros cinco partidos, entre eles o PSL, sigla do presidente.

Onyx explicou que um dos objetivos da conversa com os presidentes partidários é conquistar apoio para a reforma da Previdência. A proposta de mudanças nas regras de aposentadoria é considerada prioritária pela equipe econômica para equilibrar as contas públicas.

“Vai ser o tom de convidá-los – a instituição partidária – para que participem desse esforço de construção do entendimento na busca de poder ter a nova Previdência aprovada, que o Brasil encontre o equilíbrio fiscal”, afirmou Onyx após participar de uma reunião com a cúpula do DEM.

Onyx foi questionado se haverá um convite oficial aos partidos para que integrem a base. Ele respondeu que, primeiro, é preciso “dialogar, convidar e abrir a porta”.

“Para que tenhamos uma base constituída, a gente precisa dialogar, convidar e abrir a porta. É o que estamos fazendo: abrindo a porta para a construção dessa base que vai se expressar lá na votação da nova Previdência, em junho”, respondeu.

Sobre se houve demora nessa aproximação do Executivo com os partidos, Onyx ponderou que é preciso ter “tempo, paciência e diálogo”.

“Tem que ter tempo, paciência e diálogo. Nós estamos disputando uma maratona pelo crescimento do Brasil. Maratona de quatro anos, em que nós vamos ter a responsabilidade – volto a dizer, nós não recebemos uma procuração em branco da sociedade brasileira – a responsabilidade, como o presidente Bolsonaro sempre diz, é de todos nós”, disse.

Na madrugada (horário de Brasília), antes de voltar de viagem oficial a Israel, Bolsonaro disse que vai “jogar pesado” na aprovação da reforma.

Possibilidade de o DEM integrar a base

Também presente à reunião do DEM, o presidente nacional do partido e prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, disse que irá para o almoço com Bolsonaro “para ouvir” e que uma eventual entrada do partido na base governista dependerá de uma decisão da Executiva Nacional.

“Não vamos poder oficializar apoio ao governo sem decidir na Executiva”, afirmou.

Acrescentou ainda que deixou “claro que não íamos entrar em negociação de cargos” e que irá “tratar com o presidente da agenda do país”.

Ele ponderou que é preciso “entender que tipo de base” o governo pretende ter. “Talvez não queira ter uma base formal”, afirmou.

Além de ACM Neto e Onyx, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), também participará do almoço com Bolsonaro. Não é esperada a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Aproximação entre Maia e Bolsonaro

A sinalização do presidente Jair Bolsonaro de que está disposto a se aproximar de Maia, após os atritos nas últimas semanas, foi vista com bons olhos pelo presidente do Senado, que também participou da reunião partidária.

Segundo Alcolumbre, é “natural as instituições conversarem” e que a atitude de Bolsonaro representa “um gesto na busca do diálogo”.

Lorenzoni disse que a fase de tensão com Maia já passou e citou a expressão usada por Bolsonaro de que a troca de farpas entre os dois se tratou de uma “chuva de verão”.

“Lembra o que ele [Bolsonaro] falou? Chuva de verão. Chuva de verão passa. Isso passou. Estamos num ouro momento agora, momento de construção a favor do Brasil”, disse.

De acordo com Onyx, o jantar entre Maia e Bolsonaro não será “com certeza” nesta semana ou no fim de semana e que a data deverá ser conversada nesta quinta com ACM.

Cargos no governo

Também nesta quarta (3) o vice-presidente Hamilton Mourão, que está no exercício da Presidência da República por causa da viagem de Bolsonaro a Israel, comentou o esforço do governo para formar uma base no Congresso Nacional.

Para Mourão, o Palácio do Planalto precisa “ter clareza” ao apresentar suas propostas aos deputados e senadores, a fim de conquistar o apoio nas votações. Caso concordem com a pautas, Bolsonaro poderá conceder aos partidos cargos no governo.

“No momento em que esses partidos estejam concordando com o que o governo pretende fazer, é óbvio que eles vão ter algum tipo de participação, seja em cargo nos estados, ou algum ministério, algo do gênero. Isso é decisão do presidente”, declarou.

Desde a vitória na eleição, Bolsonaro afirma que pretende terminar com o “toma-lá-dá-cá” para trocar cargos por apoio político no Congresso. Ele costuma repetir que formou um ministério “técnico”.

Em março, o governo publicou no “Diário Oficial da União” um decreto que aplica critérios da lei da Ficha Limpa para nomeação de cargos em comissão no Executivo Federal.

Os cargos em comissão de que trata o texto são os conhecidos como DAS e FCPE. São cargos da administração pública tidos como de confiança e não são preenchidos por concurso público. Isso não significa que servidores concursados não podem ocupá-los. Informações do G1 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo