(Paula Fróes/CORREIO)

Em meio aos dois últimos anos difíceis com um vírus que se espalhou pelo mundo, surto de H3N2 e chuvas que vêm devastando o interior baiano desde novembro de 2021, é certo que o povo precisa de muito amor para seguir em frente. E é por isso que Oxum, Iemanjá e Nanã vão ser os orixás regedores em 2022, trabalhando juntos para trazer muita felicidade, riqueza, fertilidade e união.

O primeiro dia de 2022 cairá em um sábado e isso define os seus regentes, já que esse dia pertence às Yabás, que são as orixás femininas. Segundo alguns terreiros da Bahia, Ogum, que é um orixá guerreiro, conhecido pela sua coragem e força, também aparece como regente do próximo ano, mas somente como um guardião das orixás, para ajudar nos momentos difíceis.

Oxum é o orixá das águas doces dos rios e cachoeiras, representa a sabedoria e o poder feminino, sendo a deusa da beleza, orixá do amor, da fertilidade e da maternidade, responsável pela proteção dos fetos e das crianças recém-nascidas. É o que explica a Ialorixá do Terreiro Ylé Axé Yoromym, Joselita Sampaio. Segundo ela, Oxum, em 2022, vai limpar as doenças com o poder das suas águas.

Iemanjá traz essas noções de maternidade, mãe de todas as cabeças e todos os orixás. Para as religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, é ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar.  Nanã tem seu domínio relacionado com as águas paradas, os pântanos e a terra úmida, ela tem os domínios existentes entre a vida e a morte. O ponto de encontro entre as três orixás são as águas e o poder feminino.

Outra tradição
Para o pai de santo Vilson Caetano, na sua tradição, ainda não tem como saber quais serão as divindades que vão reger o ano de 2022, pois é necessário esperar o ano virar para que se consiga essa informação. Dizer em 2021 quais são as divindades que vão reger o próximo ano seria como registrar um filho antes dele nascer, afirma. O ritual para descobrir no terreiro de Vilson é complexo: as comunidades consultam o jogo de búzios nas primeiras horas do dia primeiro após o ritual de encher as quadrilhas dos orixás com água.

O babalorixá explica que os filhos de santo vão para o terreiro aguardar a chegada do Ano Novo e, nas primeiras horas do dia, cada um vai para a casa de seu orixá encher as quartinhas dos respectivos orixás, significando o novo ano que está se iniciando. “Neste exato momento ou ao término dele, o responsável pela casa vai até o jogo de búzios e consulta quais os caminhos vão reger aquela comunidade durante o ano que se inicia e, juntamente com os caminhos, quais os orixás”, explica.

Além disso, o jogo também prescreve o que as pessoas devem fazer para atrair coisas boas durante o ano e afastar algum infortúnio. “Com o passar do tempo este ritual foi sendo abandonado ou esquecido por um mais simples”, finaliza o pai de santo. Correio da Bahia