Mesmo para integrantes da equipe do governo de transição, a entrevista dada por Fabrício Queiroz ao SBT não esclareceu o principal ponto de questionamentos desde que o caso estourou no país. Os depósitos na conta dele de funcionários do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. O nome de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, apareceu no relatório do Coaf.

 

Ele fez movimentações financeiras consideradas “atípicas” de funcionários e ex-funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. No caso de Queiroz, a movimentação foi de R$ 1,2 milhão durante um ano, segundo o Coaf. Ao SBT, ele justificou essa movimentação pela compra e venda de carros. E disse ser um “cara de negócios” segundo informações do G1.

 

A expectativa era de que Queiroz daria informações convincentes para encerrar o caso, o que, na avaliação de integrantes da transição, não aconteceu. Mesmo aliados mais próximos de Bolsonaro avaliam que o caso continuará criando uma agenda negativa para o início do governo. Na avaliação de um integrante da área militar, Queiroz deveria ter apresentado todo o extrato de suas movimentações financeiras com explicações convincentes.

 

Integrantes da equipe de Bolsonaro ainda estão apreensivos com o detalhamento dessas explicações ao Ministério Público. Até agora, Queiroz faltou a duas audiências, alegando problemas de saúde. De todo jeito, a avaliação é que a entrevista de Queiroz, depois de 21 dias do surgimento do caso, pode ajudar a tirar o foco da família Bolsonaro, centrando a cobrança de explicações diretamente no ex-assessor.

 

Isso porque, na entrevista, Queiroz fez questão de assumir toda responsabilidade pela movimentação na conta, dizendo que ele é o problema, e não a família Bolsonaro. Mesmo assim, interlocutores do presidente eleito avaliam que, quanto mais demorar a explicação convincente, maior o potencial de desgaste desse caso.