Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

O Ministério da Saúde completa hoje dois meses sob ocupação militar. A constatação é do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, demitido no início da pandemia. “É uma coisa absurda. Acabaram com a credibilidade do ministério”, disse ele à coluna de Bernardo Mello Franco no Globo.

Segundo Mandetta, o general Eduardo Pazuello não sabe o que fazer no cargo de ministro interino. “Ele não tem nenhuma formação na área. Zero. E quem pode acreditar num cara que estava querendo maquiar os números de mortos na pandemia?”, questiona.

“O que mais assusta é a quantidade de militares que botaram lá. Foram retirando técnicos de carreira para nomear coronel, capitão e sargento. Tudo com a desculpa de que o ministério tinha muito comunista, muito disco voador”, prossegue.

Sem experiência na Saúde, os militares não conseguem orientar universidades, hospitais e secretarias de Saúde. “Não é a praia deles”, resume. “É como colocar médicos para comandar uma guerra. Ou como tirar os jogadores da seleção e escalar 11 coronéis numa Copa do Mundo. O Brasil não vai tomar outro 7 a 1, vai tomar tomar de 20”, brinca Mandetta.

“Muitos militares também estão desconfortáveis com essa ocupação. Eles sabem que o fardo está pesado”, afirma. “Desmanchar o SUS no meio de uma pandemia foi uma péssima ideia. Agora estão pagando o preço. Todo dia caem quatro ou cinco Boeings em cima deles”, finaliza.