Foto: Alan Chaves/G1 RR

O segundo dia de manifestação de caminhoneiros aliados ao presidente Jair Bolsonaro traz lembranças da última grande greve da categoria realizada em 2018. Naquela ocasião, houve parada generalizada dos condutores, que reclamavam do preço do diesel e pediam tabelamento do frete. Desta vez, os protestos seguem a linha dos manifestantes do 7 de Setembro, contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Houve protestos em rodovias de 16 estados, em todo o país, na manhã desta quinta-feira (9). Para economistas ouvidos pelo G1, as consequências da paralisação dos caminhoneiros ainda são incertas, porque pairam dúvidas sobre o alcance do impacto na cadeia de distribuição.

“Ainda não está clara a extensão do bloqueio, ou se são manifestações diferentes de 2018. Se for um bloqueio, sabemos apenas que teremos problemas de abastecimento, que podem gerar altas de preços em um cenário já grave para a inflação”, diz Paula Magalhães, economista-chefe da consultoria A.C. Pastore.

Se há um ponto positivo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) relata que pontos de obstrução começam a ser reabertos, indicando alguma desmobilização do movimento. O próprio presidente Bolsonaro enviou áudio aos caminhoneiros, pedindo que voltassem ao trabalho – no áudio, Bolsonaro também apontou para os riscos de inflação gerados pelos protestos

Na greve de 2018, com a parada generalizada, a produção industrial do país chegou a cair 10,9% no mês de maio e o setor de serviços, 5%. Ambos se recuperaram em seguida, mas o desabastecimento despejou alta na inflação para o mês de junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,26% naquele mês, bem acima da média dos meses anteriores ao choque.

Entre outras medidas, o governo de Michel Temer anunciou redução de R$ 0,46 no litro do diesel e uma mudança na política de preços da Petrobras, em que o novo valor seria mantido por 60 dias e os ajustes seriam mensais. A categoria teve, à época, grande apoio do então deputado Jair Bolsonaro.

Nesta reedição de 2021, a pauta ideológica não engloba toda a categoria, apesar de uma grande parcela fazer parte da base de apoio do presidente. O principal problema é que a economia está em momento mais delicado e com outros choques no entorno.

“Junto com a crise política, a paralisação pode afetar a atividade de setembro, depois de julho e agosto ruins. Aumenta a chance de uma recessão já estar acontecendo e a estagflação ser antecipada”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados. G1