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O presidente do Vitória, Paulo Carneiro, foi julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta sexta-feira após ser denunciado por invadir o campo e ameaçar o meia Vinícius, do Ceará, na partida realizada no dia 26 de agosto, no Barradão, pela terceira fase da Copa do Brasil. A 5ª Comissão Disciplinar aplicou ao dirigente uma pena de 135 dias de suspensão e multa de R$ 21 mil. Cabe recurso da decisão. Paulo Carneiro acompanhou o jogo ao lado do gramado, o que não é permitido pelo protocolo da Confederação Brasileira de Futebol, e invadiu o campo no intervalo para reclamar da arbitragem.

Na saída, aos gritos, ele ameaçou e ofendeu o meia Vinícius, que começava a dar entrevista. O dirigente foi denunciado com base nos artigos 258- B (invadir local destinado à equipe de arbitragem ou o local da partida), 191-III (deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento do regulamento da competição), 243-F (ofender alguém em sua honra por fato relacionado diretamente ao desporto) e 243- C (ameaçar alguém por palavra, escrito, gestos ou por qualquer outro meio). Durante o julgamento, o presidente rubro-negro prestou depoimento e tentou justificar os atos ocorridos na partida.

– Não vou negar os fatos, que são evidentes. Mas é importante contextualizar o processo para que, de alguma forma, possa fazer os auditores refletirem, talvez amenizarem. Sou presidente do Vitória pela sexta vez, não é uma coisa normal o que aconteceu. Voltei ao Vitória porque o clube vive uma crise financeira sem precedentes. Digo isso para justificar em parte, pois nada justifica o que fiz. Quero pedir desculpas, tenho um temperamento muito forte, que eu busco controlar. Mas o cenário do jogo foi que nos preparamos, valia alguns milhões, muito importante para o clube, para o dia a dia. Todos, funcionários, atletas, diretoria, se prepararam. O que aconteceu no jogo não foi muito comum. Como um time está ganhando por 2 a 0, fazendo o resultado que o classificaria, e de repente tem dois jogadores expulsos? Isso é absolutamente fora do normal.

Penas aplicadas a Paulo Carneiro:

  • 258-B – 45 dias de suspensão
  • 191-III – multa de R$ 3 mil
  • 243-F – 30 dias de suspensão e multa de R$ 8 mil
  • 243-C – 60 dias de suspensão e multa de R$ 10 mil
  • Total: 135 dias e multa de R$ 21 mil

– Fui ao juiz, falei bobagens, mas não tive agressividade, ele tinha três policiais na frente. Queria lamentar a má condução dele nas expulsões. Houve um ato de hostilidade entre Léo Ceará e Charles, é minha opinião. Quando saí, infelizmente para mim, tive uma reação de torcedor. Eu sou torcedor. O Vinícius já foi meu jogador no Athletico-PR. Tinha uma relação pessoal com ele. Ele saiu do Athletico-PR e veio para o Bahia, onde teve um evento que terminou com uma briga generalizada entre jogadores de Bahia e Vitória. Ele foi o pivô. Eu não era ainda o presidente. Esse rapaz, nada justifica o que fiz, mas ele continuou praticando gestos obscenos em vários jogos. Teve um jogo aqui no Barradão, entre Ceará e Fortaleza, que ele fez o gesto, como se dedicasse ao torcedor do Vitória. Eu agi como torcedor. Realmente a pessoa que tem o temperamento que eu tenho, um dia o temperamento lhe trai. Estou apenas contextualizando o cenário – explicou.

A advogada do Vitória tentou amenizar a punição, alegou o caráter de réu primário de Paulo Carneiro e negou que o dirigente tenha representado uma ameaça para Vinícius. Porém, a maioria optou pela suspensão e aplicação da multa ao presidente rubro-negro. Como Paulo Carneiro foi suspenso preventivamente pelo STJD no dia 29 de agosto, a pena sofrerá uma redução de 14 dias.

Léo Ceará a Vico

No mesmo julgamento, foram analisados os casos de Léo Ceará e Vico, que foram expulsos durante a partida. O centroavante pegou um gancho de dois jogos de suspensão, enquanto Vico acabou suspenso por uma partida. Léo Ceará recebeu cartão vermelho direto ainda no primeiro tempo do jogo com o Ceará, após troca de agressões com o volante Charles, do Vozão. O atacante foi denunciado com base nos artigos 254- A (praticar agressão física durante a partida), 258 (assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva), 258- B (invadir local destinado à equipe de arbitragem ou o local da partida) e 191-III (deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento do regulamento da competição).

– Estava no escanteio o lance, eu estava marcando o atleta Charles, acabei pisando no pé dele sem querer. Ele pensou que eu pisei por querer, me empurrou. A gente começou a bater boca. Nisso ele colocou a mão perto do meu pescoço, tirei a mão dele. Não chegou a ser agressão nem minha nem dele – disse o atacante durante o julgamento.

A 5ª Comissão decidiu pela desqualificação da denúncia de agressão para ato hostil, o que rendeu uma partida de suspensão, mesma penalidade aplicada ao artigo que aborda as ofensas dirigidas ao árbitro. A invasão de campo teve a pena de suspensão convertida em advertência. Vico foi suspenso por um jogo por reclamar da expulsão. O atacante deixou o campo após cometer um pênalti e se dirigir ao árbitro para se queixar do lance.

– Era um jogo muito quente, já havia a expulsão do Léo. Era uma competição grande, jogo decisivo. Quando faço o pênalti, não vou diretamente ao árbitro, fico longe, para ver a reação dele. Achei que, pela nova regra, não seria pênalti. A bola bate primeiro no meu corpo e depois toca na minha mão. Quando vou chegando perto, ele estava de costas, discutindo com outros atletas da minha equipe, o que acontece normalmente quando um árbitro marca o pênalti. Quando chego perto, ele está de costas. Ele já vira dando o cartão amarelo. Quando ele me dá o cartão, digo que não tinha a intenção de falar com ele. Só depois do amarelo é que começo a falar com ele. Em nenhum momento xinguei ele. Cheguei perto para ver qual seria a decisão. Ele nem sabia que eu tinha amarelo. Deu mais para acabar com a discussão. Quando me dá o vermelho, tento explicar a situação, mas ele já tinha dado o cartão e não ia voltar atrás. Com a suspensão, Vico e Léo Ceará desfalcam o Vitória na partida contra o Juventude, marcada para a próxima segunda-feira, às 20h (de Brasília), no Rio Grande do Sul, pela 10ª rodada da Série B. Globoesporte