Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo federal deu bolsas no ensino superior para “todo mundo” e que o “desastre” enriqueceu meia dúzia de empresários, beneficiando até quem não tinha a “menor capacidade” e “não sabia ler nem escrever”. Segundo ele, o filho do seu porteiro foi beneficiado mesmo após zerar o vestibular. No entanto, o edital do programa prevê a exigência de nota mínima para aprovação do financiamento.

“O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: ‘Seu Paulo, eu estou muito preocupado’. O que houve? ‘Meu filho passou na universidade privada’. Ué, mas está triste por quê? ‘Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou…’ Aí tinha um espaço para preencher, colocava ‘zero’. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes”, disse Guedes sem saber que estava sendo gravado.

O teor da declaração, revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, foi confirmado pelo ministro ao GLOBO. Ele afirmou que o objetivo não foi criticar o acesso à educação por mais pobres, mas alertar para a baixa qualidade de faculdades privadas.

— Eu estava dizendo de quão importante foi o investimento privado para permitir acesso ao ensino superior. O Fies foi um programa exitoso, deu acesso, embora eu prefira voucher para as famílias mais pobres, e aí citei o dilema que estava o porteiro do meu prédio. Isso é fato, é verídico — disse Guedes, que repetiu o relato feito durante a reunião.

O ministro acrescentou que deu um exemplo de instituições “caça-níqueis”, cuja mensalidade possivelmente seria financiada com Fies:

— O porteiro disse: “Se tiver bolsa, e estão dizendo que tem um Fies, aí eu deixo ele ir. Mas se tiver que pagar, eu não sei se eu pago, porque estou preocupado com a qualidade do ensino”. Eu dei um exemplo de uma caça-níqueis privada que aprovou alguém com média zero e possivelmente foi a base do Fies. Não tem nada a ver com filho de porteiro. O filho de porteiro foi um exemplo de uma pessoa humilde que me consultou preocupada com a qualidade da educação do filho.