Foto: Natalia Filippin/G1

O mês de junho teve o maior percentual de famílias endividadas no Brasil desde 2010, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O 1º semestre do ano acabou com 69,7% das famílias brasileiras endividadas, alta de 1,7% em relação a maio e de 2,5% em comparação a junho de 2020. Pela segunda vez seguida houve também alta na inadimplência.

A parcela das famílias que declararam que não terão condições de pagar contas ou dívidas e que permanecerão inadimplentes também aumentou de 10,5% para 10,8% na passagem mensal. O indicador está, no entanto, 0,8% abaixo do observado em junho de 2020.

O orçamento das famílias durante a pandemia tem sido comprometido por fatores como inflação mais elevada e o valor reduzido do auxílio emergencial, de acordo com José Roberto Tadros, presidente da CNC.

“Ainda que os indicadores de inadimplência se encontrem mais baixos na comparação anual, os números mostram que as famílias têm se endividado mais ao longo do ano para conseguir manter algum nível de consumo, respaldadas por uma frágil segurança no mercado trabalho, e preços mais altos dos itens de primeira necessidade”, afirma Tadros.

Famílias de menor renda são mais afetadas

Analisando o endividamento por grupos de renda, as famílias nos dois grupos atingiram proporções recordes de dívidas.

  • Famílias que ganham até 10 salários mínimos: endividamento passou de 69% para 70,7% de maio para junho. Em junho de 2020, 68,2% dessas famílias estavam endividadas.
  • Famílias com renda acima de 10 salários mínimos: endividamento cresceu de 64,2% para 65,5% em junho, ante 60,7% em junho de 2020.

Dívida no cartão

A proporção das famílias que utilizam o cartão de crédito como principal tipo de dívida alcançou a máxima do indicador: 81,8% do total de famílias. Entre as famílias com mais de 10 salários mensais, o cartão é o principal tipo de dívida para 82,6% delas. Crédito pessoal, carnês de lojas e financiamento de carro também se destacaram entre as modalidades mais procuradas em junho. G1