(Paula Froes/Correio)

Dados das mortes mais recentes por Covid-19 mostram uma mudança no perfil das vítimas da doença. Embora a maioria dos brasileiros mortos pela infecção ainda seja idosa, pela primeira vez desde o início da pandemia a maior parte dos novos óbitos registrados no Brasil não ocorre neste grupo. A constatação foi feita pelo Estadão a partir de dados levantados no Sivep-Gripe, sistema do Ministério da Saúde.

As informações da pasta indicam que 54,4% das pessoas mortas em junho tinham menos de 60 anos. Em maio, esse índice era de 44,6%. Em todos os meses do ano passado, esse porcentual ficou sempre abaixo dos 30%.

A mudança no perfil dos mortos está relacionada com o início da vacinação dos idosos. As pessoas com mais de 60 anos são do grupo de risco e foram definidas pelo Ministério da Saúde como prioridade na imunização. O Brasil começou a vacinação desse público em janeiro. Mas a reportagem ressalta que a vacina não é a única razão.

Especialistas ouvidos pelo Estadão destacam que o desrespeito a medidas de proteção e a disseminação de novas cepas – potencialmente mais agressivas – podem estar causando maior vitimização de jovens. Eles chamam a atenção que o alerta vale até para adultos que não possuem comorbidades.

De acordo com a matéria, a proporção de vítimas sem fatores de risco – menores de 60 anos e sem nenhuma doença crônica – mais do que dobrou desde os primeiros meses. O levantamento identificou que 20,7% de todos os mortos por Covid-19 em junho tinham esse perfil. No mesmo mês do ano passado, esse índice foi de 7,75%.