A lama de rejeitos da barragem que rompeu em Mariana, no estado de Minas Gerais, no ano de 2015, chegou até a Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia. Esta é a conclusão de uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgada pela instituição na terça-feira (19).
Em um relatório de quase 50 páginas, os pesquisadores apresentaram análises detalhadas sobre a presença de metais na região, entre eles zinco e cobre. Além da Uerj, a pesquisa contou com a colaboração da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de janeiro (PUC-Rio).
Segundo a Uerj, o coordenador do trabalho, Heitor Evangelista, havia criado uma página no Facebook, para observar a dispersão da lama do Rio Doce até o mar. Durante o monitoramento, eles perceberam que os rejeitos poderiam chegar ao parque marinho de Abrolhos.
“Então entrei em contato com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), em Brasília, e programei uma coleta de duas colônias no arquipélago. Através de técnicas químicas, constatamos que, no meio do crescimento dos corais, houve um pico enorme de metais pesados, que coincide exatamente com a cronologia da chegada da pluma de sedimentos da Samarco”, explicou o professor.
Para ele, o dano é irreparável, devido à extensão atingida. “Nosso papel é saber em que medida aquela área foi impactada. E a partir daí deflagrar mecanismos de monitoramento para descobrir qual vai ser a resposta biológica diante desse fato. Não há como remediar, mas nós precisamos aprender com esse processo”, afirmou Evangelista. G1