O pesquisador e professor Zilton de Araújo Andrade morreu de causas naturais, nesta quarta-feira (22), em Salvador. Ele estava com 96 anos, e deixou filhos e a esposa, Sonia Gumes Andrade, Pesquisadora Emérita da Fiocruz-BA, com quem era casado desde 1953.

A Universidade Federal da Bahia (Ufba), de onde Andrade foi professor e pesquisador, O Instituto Gonçalo Muniz (Fiocruz-BA), onde o médico também atuou em pesquisas, e o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) divulgaram nota lamentando a morte dele.

Nas redes sociais, o governador da Bahia, Rui Costa, também lamentou a morte do pesquisador. “Com muita tristeza, recebi a notícia da morte do médico e pesquisador baiano Zilton Andrade, um dos mais respeitados patologistas do Brasil, responsável por estudos que ainda hoje servem de referência para cientistas de todo o mundo”.

“Dr. Zilton deixa um legado importantíssimo para a ciência brasileira e internacional, com contribuições na área de esquistossomose, doença de Chagas, em sociedades científicas como a de Medicina Tropical, entre outras. Deixará um vazio enorme na nossa ciência”, lamentou a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves.

“A Medicina Bahiana e Brasileira perde um dos seus grandes vultos. Ele era admirado, respeitado e muito querido por todos”, disse o conselheiro decano do Cremeb, Jorge Cerqueira.

Zilton Andrade e a mulher, a também pesquisadora Sônia Andrade, em 2009 — Foto: Fiocruz/ Divulgação

Nascido em Santo Antônio de Jesus, recôncavo baiano, Zilton Andrade foi um pesquisador essencial ao entendimento das doenças tropicais e grande formador de pesquisadores e de médicos, informou a Ufba.

Ainda segundo a instituição de ensino, Ziltou se formou em em medicina em 1950 e foi professor da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia entre 1953 e 1984, onde alcançou os títulos de Professor Titular em 1974 e de Professor Emérito em 1985. No período, foi Paraninfo e Professor Homenageado de diversas turmas de formandos do curso médico.

Entre 1984 e 1994, ano em que se aposentou compulsoriamente, foi Pesquisador Titular da Fundação Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde. A Fiocruz ressaltou que Zilton colaborou significativamente na construção da unidade, que tem um pavilhão com o nome dele e abriga a maioria dos laboratórios da instituição.

Segundo Cremeb, além de ter sido professor do curso de medicina e dos cursos de pós-graduação em patologia humana e em imunologia, Zilton Andrade fez residência em patologia na Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, era doutor em patologia pela Universidade de São Paulo (USP), e realizou estágio de pós-doutorado no Hospital Monte Sinai, em Nova York, também nos Estados Unidos.

A Ufba destacou que os estudos do professor Zilton promoveram um avanço considerável no conhecimento da patologia das doenças parasitárias endêmicas em nosso meio. As suas publicações relacionadas com a esquistossomose e a Doença de Chagas são referências fundamentais dos temas, na literatura científica internacional.

Zilton foi o primeiro diretor do Centro de Pesquisas Gonçalo Muniz (Fiocruz), e tem mais de 262 trabalhos publicados, que foram citados mais de 2.300 vezes. Foi também um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Patologia e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

Conforme a Fiocruz, em 2012, ele recebeu o título de Pesquisador Emérito da instituição. Era professor Permanente do curso de Pós-graduação em Patologia Humana (UFBA/Fiocruz) e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Entre as condecorações mais importantes, pontuou a Fiocruz, estão a de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil (1995) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidente da República do Brasil (2005).

Segundo o Ceemeb, em 2016, Zilton Andradade recebeu do Conselho a Comenda Fernando Figueira de Medicina e Ensino Médico, outorga emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por relevantes contribuições para o país ao longo de sua trajetória e profissional.

Em 2010, o pesquisador recebeu, também do Cremeb, o Diploma de Mérito Ético-Profissional ao completar 50 anos de exercício ininterruptos da profissão, honrando a Medicina, sem ter sofrido sanções éticas. Já em 2019, foi um dos médicos escolhidos pela Associação Bahiana de Medicina (ABM) para receber o Diploma do Mérito Médico. G1