O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), operava um esquema de corrupção próprio, segundo o Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o MPF, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental na organização criminosa do ex-governador, inclusive sucedendo-o na sua liderança, Pezão operou esquema de corrupção com seus próprios operadores financeiros.

 

O governador e outras oito pessoas foram presas nesta quinta (29), em mais uma operação da Lava Jato. De acordo como, nste caso específico – a origem das investigações – foram informações decorrentes de uma colaboração premiada homologada no Supremo Tribunal e documentos apreendidos na residência de um dos investigados na Operação Calicute.

 

Há registros documentais, nos autos, do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$ 39 milhões no período 2007 e 2015. De acordo com o MPF, o valor é absolutamente incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista. Em função disso, o ministro Felix Fischer, autorizou buscas e apreensões em endereços ligados a 11 pessoas físicas e jurídicas, bem como o sequestro de bens dos envolvidos até o valor de R$ 39,1 milhões.

 

De acordo com as investigações que embasaram as medidas cautelares, o governador integra o núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a Administração Pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro. Depois de ver Sérgio Cabral ser preso em 2016, Pezão também sofreu denúncias de corrupção.

 

Em abril de 2017, dois executivos da Odebrecht disseram, em delação premiada, que Pezão recebeu dinheiro da construtora em espécie e em contas no exterior, mas não revelaram os valores. Pezão também é suspeito de ter recebido dinheiro do esquema de corrupção do Tribunal de Contas do Estado.

 

O delator Jonas Lopes Neto, filho de Jonas Lopes de Carvalho, ex-presidente do TSE, disse que arrecadou R$ 900 mil para pagar despesas pessoais do governador. De acordo com delator, o dinheiro veio de empresas de alimentação que tinham contrato com estado. O governador também é suspeito de receber propina da Fetranspor.

 

Um funcionário do doleiro Álvaro José Novis afirmou em uma delação que pagou propina de R$ 4,8 milhões ao governador. Edimar Dantas contou aos procuradores que foram cinco pagamentos em 2014 e 2015. O nome de Pezão também aparece nas delações de Carlos Miranda, apontado como operador do esquema de corrupção chefiado por Sérgio Cabral. O atual governador teria recebido mesada das fornecedoras do estado no valor de R$ 150 mil durante sete anos. Pezão negou todas as acusações.