© Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

A Polícia Federal (PF) trabalha com a possibilidade de 180 envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 podem estar foragidos na Argentina, Uruguai e Paraguai. A informação é de Ricardo Saadi, diretor de combate do crime organizado, que participou de uma operação no começo de junho para prender envolvidos nos atos que descumpriram medidas cautelares judiciais ou ainda fugiram para outros países.

Há a possibilidade ainda de ter foragidos que não foram mapeados pela PF. O órgão usa recursos de inteligência para tentar encontrar quem fugiu, por onde fugiu e onde está nesse momento. O Itamaraty ainda não enviou pedido de informações para o Paraguai e Uruguai sobre fugitivos condenados no 8/1.

Os investigadores não descartam a possibilidade dos foragidos de terem pedido asilo na Argentina e também de terem cruzado as fronteiras do Uruguai e do Paraguai pois, segundo eles, há facilidade em cruzar as fronteiras, principalmente a Ponte da Amizade, no Paraguai.

O diretor da PF, Andrei Rodrigues, disse que o pedidos de extradição daqueles que fugiram para a Argentina seriam feito nesta semana. O Brasil aguarda resposta da comissão de refugiados da Argentina para, com base nos dados colhidos, fazer os pedidos de repatriação.

Argentina analisará pedidos de refúgio

O governo argentino analisará caso por caso os pedidos de refúgio de brasileiros no país. O motivo é que o pedido não foi feito por um grupo unificado. Não há, também, nenhum nome importante entre os foragidos na Argentina, o que poderia causar comoção para que o governo concedesse o pedido de refúgio. O governo de Milei também não fez nenhum comentário sobre os pedidos e os brasileiros que fugiram ao país.

Na segunda-feira (10), aoblog da Julia Duailibi, o embaixador brasileiro na Argentina, Julio Bitelli, disse que “não há informações de que Milei vai ajudar brasileiros que fugiram para a Argentina”. Ele citou que o Brasil enviou uma lista com 143 de condenados pelo 8 de janeiro que estão foragidos.

Bitelli afirmou que, até o momento, não há nenhuma atitude ou informação de que o governo argentino não vai ajudar o Brasil. “Milei, desde que assumiu, não fez mais nenhuma menção negativa ao Brasil.”

Entenda o caso

A PF realizou uma megaoperação na semana passada para prender participantes dos atos golpistas. A Justiça autorizou 209 prisões. Dessas, 47 não ocorreram, porque os alvos já estavam na Argentina, para onde foram visando escapar das punições no Brasil.

Autoridades da Argentina relataram à polícia brasileira que 65 investigados pelos atos golpistas buscam refúgio no país vizinho. Ou seja, além dos 47 com mandados de prisão, há outros 18 que ainda escapam ao mapeamento das autoridades brasileiras.

A PF sabe que esses brasileiros entraram sem passar pelas autoridades de fronteira na Argentina. Entraram em porta-malas de carros, ou atravessando rios, ou a pé pela fronteira. G1