Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, que suspendeu investigações da operação Lava Jato sobre o senador José Serra (PSDB). Toffoli atendeu a pedidos da defesa do senador durante o recesso do Judiciário, quando atuou em regime de plantão.

A ordem do ministro paralisou duas apurações: uma sobre caixa dois na campanha e outra sobre suposta lavagem de dinheiro em obras do Rodoanel Sul, em São Paulo, quando ele era governador. Nos dois casos, o senador foi alvo de operações da Polícia Federal, que fez buscas e apreensões. O senador nega as duas acusações.

O entendimento de Toffoli vale até que o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, analise o processo. Os advogados de Serra acionaram o STF sob o argumento de que, nos dois casos, ele tem direito ao foro privilegiado – ou seja, que devido ao mandato de senador, só poderia ser processado no âmbito do Supremo.

A Lava Jato em São Paulo pediu que a PGR recorresse ao STF para derrubar a decisão de Toffoli. A chefe da Lava Jato na PGR, Lindôra Araújo, questionou os despachos do presidente do STF que paralisaram as apurações. No recurso, a chefe da Lava Jato afirma que não há violação da competência do STF nesses casos porque os fatos investigados não tem vínculo com a atividade parlamentar do tucano.

Lindôra afirma ainda que o endereço profissional do senador presta apoio a sua carreira política como um todo, inclusive em períodos em que Serra exerceu outros cargos – o que torna a busca neste endereço relevante para a eventual apreensão de provas, físicas e eletrônicas de interesse para a investigação.

“A blindagem geográfica de algum domicílio próprio ou profissional de parlamentar não encontra amparo no Direito ou na lógica jurídica. Ora, se acaso, durante buscas destinadas a apurar fatos não relacionados com a atual função parlamentar, vierem a ser encontrados, fortuitamente, indícios de prática contemporânea de delito, aí sim, os autos poderão – e deverão – ser encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, para o exercício da sua competência”, afirmou a PGR.

Em nota (leia íntegra abaixo), a defesa de Serra afirma que o MP insiste em “desrespeitar decisão do plenário do Supremo” sobre o foro privilegiado, ao recorrer, e que a Procuradoria-Geral da República “confessa a intenção de substituir o STF na averiguação de atos do parlamentar”.

“É, mais uma vez, a Lava Jato tentando dizer ao Supremo o que ele deve ou não investigar, em claro desrespeito às decisões da Corte Suprema, aos mandatos eletivos, ao Direito de Defesa e a soberania da competência constitucional do próprio tribunal”, dizem os advogados. G1