Foto: Marcos Corrêa/PR

O Palácio do Planalto impôs sigilo de até 100 anos aos exames de anticorpos de Covid-19 feitos por Jair Bolsonaro. Sem base científica, o presidente alega que não se vacinará porque os resultados de testes apontam que ele tem taxa de imunoglobulina suficiente para protegê-lo contra o coronavírus. A informação foi divulgada pelo Metrópoles. A decisão reforça a suspeita que o chefe do Executivo pode já ter se imunizado ou contraído a doença novamente, sem divulgar.

Em resposta ao Metrópoles, a Presidência afirmou que a disseminação desses dados violaria “intimidade, vida privada, honra e imagem” de Bolsonaro. Para sustentar essa tese, o Planalto citou um dispositivo dessa norma, o qual garante o sigilo por 100 anos. O pedido foi feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que proíbe, contudo, que essas restrições sejam feitas com o objetivo de prejudicar uma apuração de irregularidades ou recuperação de fatos históricos importantes.

ORGANIZAÇÕES REJEITAM TESE DE BOLSONARO

A Organização Mundial da Saúde (OMS), especialistas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitam essa tese de Bolsonaro, que foi acusado de nove crimes pela CPI da Pandemia no mês passado. Em nota técnica emitida em 31 de março, o órgão regulador alertou que testes de Covid-19 não indicam proteção vacinal.

“Não existe, até o momento, a definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes – que evitam a entrada e a replicação do vírus nas células – para conferir proteção imunológica contra a infecção, reinfecção, formas graves da doença e novas variantes de Sars-CoV-2 em circulação. Por isso, os testes para diagnóstico não podem ser utilizados para determinar proteção vacinal”, escreveu a agência. (BN)