Paula Fróes/GOVBA

Pode até não ser uma segunda onda de contaminação, porém os números da Covid-19 no Brasil começam a reacender os alertas sobre a doença no país. Na Bahia, não chega a ser muito diferente. Os novos casos voltam a preocupar e, em meio à desmobilização de leitos, é preciso ficar atento para não haver um colapso do sistema de saúde, nosso principal receio desde que a ameaça do coronavírus chegou por aqui. E tudo isso passa pela consciência da população, algo bem difícil de controlar após meses de restrições.

Ninguém aguenta quarentena ou isolamento social por mais tempo. O limite da paciência foi ultrapassado há tempos, porém não há nenhum remédio diferente desse para enfrentar a pandemia. A medicina evoluiu e sabe mais sobre a doença, mas ainda assim existem perguntas não respondidas. As vacinas, por mais que tenhamos perspectivas otimistas, não estão tão palpáveis quanto gostaríamos e é improvável uma imunização maciça da população ainda no primeiro semestre de 2021. Ou seja, esse processo de distanciamento social não tende a acabar rapidamente.

Porém a população que conseguiu lidar com a quarentena relativamente bem dá sinais de cansaço. O período eleitoral foi um exemplo real dessa fadiga. Por mais que soubéssemos que não era recomendável aglomerar pessoas, sobraram episódios de multidões durante o processo ou até mesmo para celebrar vitória nas urnas. Parte por falta de exemplo dos postulantes, mas também porque a mensagem contraditória de autoridades públicas não contribuiu para levar consciência à arraia miúda. O salve-se quem puder – ou morra quem morrer, dependendo do interlocutor – esteve vivo o tempo inteiro e acabou intensificado nos últimos meses.

É difícil prever exatamente qual vai ser o alcance desses episódios de desrespeito às recomendações sanitárias. Mesmo os especialistas não conseguem chegar a um consenso que permita confirmar a necessidade de endurecer medidas restritivas ou manter o ritmo de flexibilização adotado. Na Bahia, onde aparentemente a Covid-19 pareceu sob controle, a sensação de que o medo foi maior do que a própria doença se torna um adversário a mais nesse embate. Enquanto um imunizante não alcançar boa parte da população, as discussões sobre aberturas e fechamentos farão parte da nossa rotina. Independente de uma segunda onda – ou apenas continuação da primeira -, o mais certo é não subestimar a doença. (Por Fernando Duarte/Bahia Notícias)