O clima de ansiedade começa a tomar conta deste que vos escreve. É que depois de uma eleição ter começado com mais um ano de antecedência, outubro está cada vez mais perto do que longe. É um consolo, sabemos disso. Mas a ansiedade é para que talvez as urnas ponham um fim nessa briga entre o governador Rui e o prefeito ACM Neto.
O último capítulo dessa novela praticamente interminável é o bambuzal do aeroporto da capital baiana. A intriga começou com uma nota inocente, capturada pela repórter Luana Ribeiro no Diário Oficial do Estado, em que havia a autorização de supressão de um trecho do bambuzal do aeroporto de Salvador, um dos cartões postais da capital baiana.
Desde então, a área verde já foi destruída, já permaneceu do jeito que sempre esteve e até se tornou nota falsa. Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur), a área autorizada para supressão não chegaria a 1% do total e de um trecho degradado das touceiras de bambu. O número não causaria impacto e a vida seguiria normalmente. Este texto integra o comentário para a RBN Digital.
Se estivéssemos em um lugar menos eleitoreiro, talvez. Porém estamos em uma terra onde até a inauguração de um viaduto causa discórdia. Diante da repercussão da eventual destruição do bambuzal, a homônima Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador – veja só, também Sedur -, foi até as intervenções realizadas pela CCR e embargou a obra.
De acordo com a prefeitura, a CCR não pediu autorização ao órgão municipal responsável após a capital baiana passar a ter uma legislação específica para tanto. A Sedur estadual disse que cabia ao Inema autorizar. A Sedur municipal disse que não e formou-se o imbróglio e uma multa de R$ 5 milhões para a concessionária responsável pela construção.
Nesse “disse me disse”, uma reunião entre governo e CCR vazou para a imprensa com o indicativo de que o pedido de autorização ao Inema bastava e a prefeitura estaria politizando a questão. De repente, o duelo passou a ser por imagens.
O prefeito de Salvador afirmou estar estarrecido com a “destruição” do bambuzal, ao tempo em que o governo voltou a reclamar de politização da questão. Para quem já ouviu os dois lados e não tem inclinação para juiz, ambos estão certos. E, ao mesmo tempo, errados. Ultimamente fazer análise política está se tornando um esporte de risco e, nesse caso, não vale a pena comprar nenhuma briga.
Tem que torcer para que a eleição acabe logo, e governo e prefeitura aprendam a conversar civilizadamente para que não vejamos mais tempestades em copo d’água cotidianamente. Este texto integra o comentário desta segunda-feira (29) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.