Foto: Alan Santos/PR

Com a aprovação da PEC dos Precatórios e do ministro André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal, Jair Bolsonaro (PL) se dedicou nesta semana a discursos para agradar sua base “raiz”: vetou nome do centrão no governo, favorecendo um aliado raiz; defendeu aliado que foi preso pelo Supremo Tribunal Federal e atacou o passaporte vacinal, defendido por especialistas e criticado por negacionistas, como apoiadores do presidente.

Nesta quinta-feira (9), um discurso do presidente no Palácio do Planalto preocupou assessores do governo: Bolsonaro admitiu que tem sido aconselhado a não se “meter” em assuntos envolvendo decisões do STF contra seus aliados, mas disse que “doeu no coração” ver Daniel Silveira (PSL) preso. O deputado federal, preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, estava presente.

Além do caso de Silveira, Bolsonaro fez referências à decisão de extraditar Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista que está foragido, e também à abertura de um inquérito no STF sobre a fala do presidente, que atribuiu uma relação entre vacinas contra a Covid-19 e a Aids.

Bolsonaro, segundo assessores, está fazendo um recuo tático às suas bases para estancar eventual perda de apoio em 2022. Além de atender ao segmento evangélico, com a indicação de Mendonça para o STF, Bolsonaro adota uma tática de morde e assopra: casa com o centrão, desgastando sua base mais ideológica, mas ataca o Supremo Tribunal Federal.

Assessores e líderes aliados do centrão, no entanto, temem que Bolsonaro retome a escalada de ataques ao tribunal às vésperas do ano eleitoral, o que pode levar a uma nova crise institucional. Por isso, auxiliares se esforçam nos bastidores para divulgar a versão de que Bolsonaro não está “atacando” o ministro Moraes – apenas, “desabafando” para defender seus aliados.

Os mesmo interlocutores do Planalto, no entanto, admitem que esse “recuo estratégico” do presidente tem por objetivo, também, estancar uma eventual fuga de apoiadores descontentes com o casamento do centrão e com o que consideram falta de interferência do presidente em pautas ideológicas – incluindo a defesa de aliados investigados – acabem migrando para a base de eleitores de Sergio Moro, em 2022. G1