O presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a comparar os indígenas que vivem em demarcações feitas pelo governo a animais em zoológicos . Depois de participar na sexta (30), de uma formatura na Escola de Especialistas da Aeronáutica e conceder uma entrevista a emissoras católicas, Bolsonaro comentou sobre a pressão externa que o país teria sofrido nos últimos anos para aumentar o número de reservas indígenas.

 

Ao falar sobre o Acordo de Paris, tratado internacional que tem como objetivo reduzir a emissão de gases do efeito estufa, o presidente eleito disse que não tem interesse em “maltratar” os índios. “Em todos os acordos no passado, sempre notei uma pressão externa no tocante a cada vez mais demarcar terra para índio, demarcar reservas ambientais”, disse.

 

Bolsonaro ainda completa: “Na Bolívia tem um índio que é presidente. Por que no Brasil devemos mantê-los reclusos em reservas como se fossem animais em zoológicos? O índio é um ser humano igual a nós”, afirmou Jair Bolsonaro segundo informações do jornal O Globo. Para ele, uma das diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) poderia transformar reservas como a dos índios ianomami, no futuro, em países independentes.

 

“Não pode usar a situação do índio para demarcar essa enormidade de terras que poderão ser novos países no futuro. Justifica-se, por exemplo, a reserva ianomami, duas vezes maior que o estado do Rio de Janeiro, para talvez 9 mil índios? Não se justifica isso aí”. Segundo André Villas-Bôas, secretário executivo do Instituto Socioambiental (ISA), não há possibilidade de a ONU transformar as reservas em países: — Os índios não são sociedades que reivindicam a noção de Estado-nação. Nem se colocam dentro da ONU. Enxergam-se como brasileiros que querem manter seu estilo de vida tradicional.