Foto: Itana Alencar/G1 BA

Percorremos praias de cinco cidades baianas que foram atingidas por manchas de óleo que apareceram no litoral da região Nordeste. Além dos lugares já registrados pela Marinha, Ibama, Inema e pelo Projeto Tamar, o G1 encontrou novas áreas de contaminação em outras três praias. Das localidades afetadas, a praia de Guarajuba, na cidade de Camaçari – região metropolitana de Salvador –, é a que tem o pior estado. Grandes quantidades da crosta grossa do óleo tomam conta da faixa de areia.

Além disso, o cheiro forte – semelhante a petróleo – também incomoda os banhistas e atrapalha a venda dos barraqueiros. “Isso aí chegou de ontem [quarta-feira, 9] para hoje [quinta-feira, 10]. Não veio devagarzinho, não. Já chegou assim, sujando a praia toda. Para a gente é complicado, por que quem vai querer vir aqui passear? Ninguém sabe o que é isso, se faz mal ou não. As pessoas ficam com medo. E esse fedor não ajuda”, disse um dos barraqueiros que não quis se identificar.

Das localidades afetadas, a praia de Guarajuba, em Camaçari, é a que tem o pior estado na região metropolitana de Salvador — Foto: Itana Alencar/G1 BA

Entre as localidades registradas recentemente está a praia de Arembepe, no mesmo município. Por lá, a situação preocupa os pescadores, que não sabem como vão tirar o sustento sem poder trabalhar.

“A gente não pode comer o peixe mais, porque a água está toda suja. Se não pode comer, não pode vender. Os poucos peixes que chegam aqui na praia, quando sentem o cheiro dessa resina, não ficam no local. Eu sou pescador há mais de 40 anos e nunca vi Arembepe desse jeito. Há 15 dias apareceu uma nata de óleo e agora apareceu esse betume. A gente nem arrisca a entrar na água”, disse o pescador Antônio da Paz.

Próximo de Arembepe e Guarajuba, as praias de Itacimirim e Jauá – também em Camaçari – têm a situação menos pior. Em Itacimirim, os barraqueiros se juntaram e retiraram as poucas manchas de óleo que apareceram na costa litorânea. “A gente tirou o pouquinho que tinha, porque senão os turistas não vêm, não é?”, disse outra barraqueira que também não quis ser identificada.

Em Praia do Forte, região turística da cidade de Mata de São João, mancha de óleo afetou animais — Foto: Arquivo pessoal

Mais adiante, em Praia do Forte, que fica na cidade de Mata de São João, a situação não parecia preocupar os turistas, apesar de ligar o alerta do Projeto Tamar, que suspendeu a soltura dos filhotes de tartarugas marinhas por toda a região do litoral norte.

A principal área afetada em Praia do Forte fica nas chamadas piscinas naturais, bastante frequentadas por banhistas que querem fazer mergulho de observação. O G1 não conseguiu acesso ao local por causa da altura do nível da água, mas ouviu relatos de moradores e vendedores que, assim como o Tamar, estão preocupados com a situação.

“A gente não sabe de onde isso está vindo, sujando a praia inteira. Hoje eu passei nas piscinas de manhã e era só essa lama preta em todos os lugares. Estrelas do mar mortas, peixes mortos colados nesse ‘pixe’ aí. Aqui tem muita criança, e se isso fizer mal? Vão esperar alguém ficar doente para tomar uma providência?”, questionou Eliana Montes, que trabalha no local.

Seguindo em direção à cidade de Entre Rios, encontramos mais manchas de óleo na praia de Massarandupió, local em que Marinha e Inema ainda não tinham registrado a chegada da contaminação até esta quinta. Na praia não havia banhistas, mas moradores do local também estavam preocupados com a chegada da substância.

Adiante, nas praias de Subaúma e Porto de Sauípe, que também pertencem a Entre Rios, a situação era a mesma que já havia sido confirmada pela Marinha, desde a terça (8). Subaúma foi o único local em que o G1 observou movimentação do poder público local na limpeza das praias. Foi também em Subaúma que o portal encontrou uma equipe do Ibama, que fazia avaliação nas praias do Litoral Norte.

Em direção ao município de Esplanada, a praia de Baixio também tem sinais das manchas provocadas pelo óleo desconhecido. Apesar de estar espalhado por parte da costa, o local tinha menos pontos de contaminação que as outras praias.

Praia de Subaúma - BA — Foto: Itana Alencar/G1 BA

Nesta noite, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) confirmou também a aparição do óleo na praia de Vilas do Atlântico, que fica na cidade de Lauro de Freitas – na região metropolitana da capital. O G1 esteve no local durante a tarde, mas não encontrou resquícios da contaminação. Até quinta-feira, a Bahia tinha pelo menos 18 praias atingidas, distribuídas por 7 cidades. Confira lista por ordem de proximidade com a capital:

  1. Lauro de Freitas (cidade limítrofe – RMS):
    Vilas do Atlântico;
  2. Camaçari (47 km – RMS) :
    Arembepe;
    Guarajuba;
    Itacimirim;
    Jauá;
  3. Mata de São João (61 km – RMS):
    Praia do Forte;
  4. Entre Rios (142 km):
    Subaúma;
    Porto de Sauípe;
    Costa do Sauípe;
    Massarandupió;
  5. Esplanada (170 km):
    Baixio;
    Mamucabo;
  6. Conde (186 km):
    Barra da Siribinha;
    Barra do Itariri;
    Sítio do Conde;
    Poças;
  7. Jandaíra (205 km):
    Coqueiro;
    Mangue Seco; G1