Relatório da Receita Federal entregue à Polícia Federal afirma que o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “faraó dos bitcoins”, teria usado uma advogada como laranja para converter criptomoedas em R$ 228 milhões mesmo após sua prisão.

Ainda preso, o ex-garçom se filiou ao partido Democracia Cristã em abril e anunciou no início deste mês sua pré-candidatura a deputado federal.

Em inquérito da Operação Kryptos, a PF diz, com base nos dados do fisco, que “diversas transações indicam que a organização criminosa continuava ativa mesmo após a deflagração da operação e da prisão dos primeiros suspeitos”.

As transações teriam ocorrido por meio da advogada Eliane Medeiros de Lima, presa em fevereiro deste ano. Ela teve seu nome incluído no radar dos policiais e do Ministério Público Federal após a deflagração da Kryptos, em 25 de agosto de 2021, que prendeu Glaidson por suspeita de comandar um esquema bilionário de pirâmide financeira e lavagem de dinheiro.

Eliane é apontada como “uma das principais destinatárias de recursos da organização criminosa” e sua atividade, segundo os investigadores, vinha sendo “essencial para a sobrevivência da organização criminosa após a deflagração da Operação Kryptos”.

A defesa de Glaidson nega as irregularidades atribuídas a ele. O representante da advogada, por sua vez, não respondeu até a publicação da reportagem.

O esquema foi noticiado pela TV Globo em 22 de agosto de 2021 e, três dias após, a PF deflagrou a Kryptos.

Após a reportagem e na véspera da ação policial, começou o que os investigadores classificam como “uma corrida para liquidação de criptoativos na posse da organização criminosa”.

De acordo com o inquérito, coube a Eliane Medeiros o papel central, com a colaboração da Malta Intermediação de Negócios e Consultoria Ltda. A empresa teria sido a responsável por intermediar a venda das criptomoedas que estavam em posse da organização de Glaidson. Folha uol