O prefeito de São Gonçalo dos Campos, município a cerca de 110 km de Salvador, Tarcísio Pedreira (Solidariedade), preso em flagrante após tentar evitar uma ação da Polícia Militar para impedir a realização de um evento de São João na cidade, foi liberado após pagar fiança. Tarcísio Pedreira pagou a fiança após prestar depoimento no Complexo de Delegacias de Feira de Santana, e deixou o local depois da 21h de quinta-feira (24). O valor pago pelo gestor não foi divulgado.

“Eu fui acusado de três crimes, que não foi a resistência, foi lesão corporal que não existiu, portanto lesão corporal, desacato e desobediência”, disse o prefeito de São Gonçalo dos Campos. Foram mais de 12h à disposição da polícia. Na saída do Complexo de Delegacias de Feira de Santana, Tarcísio Pedreira foi recepcionado por um grupo de apoiadores, que aguardou todo o desfecho do caso na porta do local.

Tarcídio Pedreira convocou os moradores para formar uma espécie de ‘cordão humano’ para que uma apresentação não fosse encerrada. O gestor chegou a sentar na pista e colocou o veículo em uma das vias de acesso para evitar que as viaturas saíssem do local. O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (23), no bairro Murilo Leite, e contou com apoio de alguns moradores e apoiadores do político, que repetiram o ato e colocaram veículos como barreiras.

O prefeito e um advogado foram detidos e encaminhado para esclarecimentos no Complexo Policial de Feira de Santana, a cerca de 21 km de são Gonçalo dos Campos. O evento promovido pela prefeitura foi o Forró Itinerante, que contava com um minitrio circulando pelas ruas da cidade tocando músicas das festas juninas. Tarcísio, que também é médico, informou que uma das recomendações era que não houvesse aglomeração e, caso as pessoas se concentrassem nas vias, a música seria pausada.

“A Polícia Militar foi à cidade de São Gonçalo dos Campos impedir que fosse realizado um evento que foi realizado no ano passado. O Forró Itinerante, que era simplesmente um artista da cidade, chamado Raimundo do Acordeon, levando música para as ruas da cidade. Veiculei, inclusive, nas redes sociais que em qualquer [caso de] aglomeração, o evento seria imediatamente interrompido e o carro de som desligado e só seguiria com a música na rua seguinte”, disse.

O gestor disse ainda que não entendeu o motivo da Polícia Militar ter tentado encerrar o evento, considerando que ele publicou um decreto com medidas restritivas. O oficial da PM, major Wellington Borges, explicou que Tarcísio Pedreira desrespeitou as leis ao descumprir o decreto estadual que impede a promoção de festas juninas e foi detido também pelo crime de desacato. Segundo o policial, o motorista do minitrio estava conduzindo o veículo sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o próprio veículo tinha irregularidades.

Tarcísio interferiu na situação para impedir a detenção do motorista e, de acordo com o major, lesionou um capitão da PM que atuou na ocorrência. “Eu fui informado, e me desloquei para lá. Tentei negociar com ele (Tarcísio), falar com o vice-prefeito para que fosse tentar amenizar a situação e não tive sucesso. Depois de esgotar as situações, a gente isolou o local e começou a fazer a condução do motorista que estava preso. Aí o prefeito cometeu mais dois crimes: de desobediência e, quando foi dava a voz de prisão a ele, cometeu o crime de resistência”, explicou o policial.

Em nota, a assessoria do prefeito disse que desconhece a lesão corporal contra o policial e negou que Tarcísio houvesse agredido o militar. A Polícia Civil informou que ele foi autuado pelos crimes de desacato, desobediência e resistência, e foram lavrados termos circunstanciados de ocorrência em relação ao motorista do veículo, por desobediência e por dirigir sem habilitação, e ao advogado detido por desacato. O pagamento de fiança foi estendido também ao prefeito. O motorista e o advogado foram ouvidos e liberados em seguida. G1