Cálculos feitos por técnicos do governo da Bahia responsáveis por analisar a Parceria Público-Privada da Ponte Salvador-Itaparica apontam que, quando o projeto for completamente concluído, o prejuízo para o estado deve chegar a cerca de R$ 100 milhões por mês – R$ 1,2 bilhão por ano. A soma se refere ao desembolso que o governo será obrigado a pagar para o consórcio chinês, por causa do aumento da demanda além da prevista no contrato. Segundo apurou a Satélite, as estimativas teriam desconsiderado o eventual crescimento do fluxo após a duplicação da Ponte do Funil e da rodovia que dá acesso à BR-101, fundamentais para o escoamento dos veículos sem estrangular o tráfego.

Bola devolvida
Como a tarifa de pedágio sugerida, de R$ 50, foi recusada pelos chineses, para quem o valor não cobre investimentos na obra e custos futuros de manutenção gerados pela demanda maior, o governo aceitou bancar a diferença com recursos próprios. O que, na prática, funciona como um tipo de subsídio para a tarifa.

Debaixo do tapete
As falhas na previsão da demanda e o consequente aumento na conta a ser paga pelo governo  levaram a Secretaria Executiva da PPP a emitir parecer contrário ao modelo definido para a concessão da ponte. Contudo, a Casa Civil do Estado, então chefiada por Bruno Dauster, ignorou os alertas e decidiu levar adiante o projeto, mesmo avisado dos  riscos financeiros. Diante da resistência da Secretaria Executiva em avalizar o acordo, o parecer desfavorável jamais foi disponibilizado para conhecimento público, mantendo fora do radar detalhes que revelam os prejuízos para o erário.

Por Jairo Costa Júnior/ Coluna Satélite