O cavalo de Marcelo Nilo parecia selado em 2014, porém ele caiu sem montar. Então presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) por quatro mandatos consecutivos, ele queria integrar a chapa majoritária. Foi quando nasceu eleitoralmente o tripé PT-PP-PSD e, desde então, o antigo aliado-mor do tempo em que Jaques Wagner ainda habitava o Palácio de Ondina foi perdendo prestígio. De cão de guarda, Nilo foi, paulatinamente, transformado em um siri na lata, fazendo barulho, porém sem avançar politicamente. Um rumo bem injusto.

Durante o tempo em que esteve no comando da AL-BA, Nilo serviu bem aos propósitos do governo Wagner – e mesmo do primeiro mandato de Rui Costa. Quase como um líder governista dos bastidores, muitas das vitórias nas articulações para aprovação de projetos nasceram do esforço dele. Porém, como todo bom político, Nilo se enxergou voando alto. Não estava errado, mas não viu que a própria base aliada iria derrubá-lo quando tentava a quinta reeleição. Angelo Coronel cresceu pelo excesso de autoconfiança de Nilo e, ao conquistar o apoio formal da oposição, retirou o então presidente do posto de homem poderoso no Legislativo.

Ainda assim, quando abandonou a candidatura para não demonstrar perda de prestígio, o ex-presidente se manteve ativo. Passou de crítico de Rui a um aliado que reconhecia o perfil administrativo do governador e as evoluções no campo político. Porém, em 2018, já não dispunha da mesma musculatura de tempos anteriores, tanto que sequer foi cogitado firmemente para ocupar uma vaga na chapa majoritária de reeleição de Rui – e olha que o partido pelo qual disputou a eleição, o PSB, teria, em tese, a “vaga” de Lídice da Mata no Senado assegurada, caso Coronel não tivesse arvorado para si, junto com o PSD, o direito de disputar.

Sem espaço, Nilo foi para a Câmara dos Deputados, em seu primeiro mandato em Brasília, e elegeu o genro, Marcelinho Veiga, para sua antiga cadeira na AL-BA. Novamente, o ex-presidente do Legislativo estadual buscou se manter audível quando tecia críticas, mas sempre esteve longe de se tornar um opositor. No máximo, aquele familiar que, em alguns momentos, se tornava inconveniente, mas que era bem quisto por outras qualidades. Foi assim até o final de 2021, quando Nilo passou a admitir que conversava também com a oposição, especialmente com o arquirrival do petismo na Bahia, ACM Neto.

A relação entre Nilo e o governo azedou de vez. Mesmo que não venha a ocupar um espaço na chapa adversária, de ACM Neto, construiu-se um cenário que a permanência dele ao lado de Wagner e sua tentativa de voltar ao governo até mais constrangedora do que marchar ao lado do herdeiro do antigo carlismo, de quem foi um combativo adversário. Nilo pode até encontrar uma saída honrosa para toda essa cilada da qual foi um dos construtores. Mas ninguém poderá negar que ele ganhou razões para escolher esse caminho. Bahia Notícias