Agência Brasil

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, diz acreditar que a fusão PSL-DEM não inviabiliza as tratativas que Ciro Gomes já havia iniciado com ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e virtual candidato ao governo da Bahia em 2022.

“Não. Por que não? Porque para mim está claro que é uma realidade que não vai estar aliada com Bolsonaro, com o PSL original. Isso abre campo para a gente continuar a conversa com o bom diálogo com Neto que temos por muito tempo […] Ao contrário, eu acho que isso abre possibilidades grandes da gente ter uma aliança mais forte”, disse Lupi, em passagem por Salvador nesta quinta-feira (30).

O namoro entre Ciro e ACM Neto teve suas primeiras demonstrações públicas em 2020 na ocasião das eleições municipais. Em Salvador, por exemplo, o PDT ganhou espaço de vice na chapa do então candidato Bruno Reis (DEM) com a indicação de Ana Paula Matos. A parceria daquele ano foi uma espécie de ensaio para Ciro ter espaço palanque presidenciável com Neto na Bahia.

Paralelo a isso, o PDT também vislumbra compor a chapa majoritária estadual de ACM Neto, não havendo ainda manifestado preferência pelo espaço de vice – como é na prefeitura de Salvador – ou da vaga ao Senado.

“Nós queremos uma vaga na chapa majoritária, pode ser vice, pode ser Senado, isso aí vai depender de como evolui, do leque de aliança, quais são os partidos que vão participar, de Neto poder fazer o palanque de Ciro… muita água vai passar debaixo dessa ponte. Nós estamos com o diálogo aberto e reivindicando uma vaga na chapa majoritária”, despistou. Agora, com a fusão em pauta, Neto afirmou que o novo partido deseja ter candidato próprio à Presidência da República, cenário que Lupi também considera ainda passível de negociação.

“Ele sempre falou em candidatura própria, o Mandetta que é o nome que eles colocam. Partido político vive para ter candidato. Se não tiver candidato fecha a porta. Agora eu não quero fechar a possibilidade de alianças, isso só vai se decidir mesmo lá para março do ano que vem, mais próximo das condições, com avaliação de pesquisa”, avaliou.

“Eu costumo dizer que se o Ciro se viabilizar, conseguir lá para março 17%, 16%, ele se viabiliza pra ir ao segundo turno. E aí a gente vai ter que chegar, sentar, conversar com todas as partes para tentar fazer uma aliança”, acrescentou. Segundo o mandatário do PDT, a fusão PSL-DEM é resultado natural da ambição das legendas, juntando a “fome com a vontade de comer”.

“Eu acho que é natural que os partidos no momento de pré-eleição tentei somar forças, somar tempo de televisão, somar condições financeiras de apoio do fundo eleitoral para tentar crescer. Como diz lá no Rio, ali é a fome com a vontade de comer. É um querendo crescer, porque tem essa tendência com a saída do Bolsonaro de levar uma boa parte da sua bancada, e o DEM que está querendo também crescer. Então eu acho que é uma fusão que tem tudo para ser um polo forte da política e a gente tem que trabalhar respeitando cada polo e fazendo a luta”, arrematou.

Fator PSDB

Carlos Lupi também não descarta a possibilidade de composição do PDT com o PSDB, à exceção de João Doria, governador de São Paulo, cujo estilo desagrada o pedetista. “O Doria é mais difícil, porque o Doria tem uma visão política muito exclusiva, muito individual, ele não partilha, não faz compartilhamento da sua liderança, mas temos diálogo e vamos aguardar, respeitar a escolha deles para depois ver o que que pode ser feito”.

Para Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, porém, Lupi mostra mais entusiasmo. “A gente tem que ter diálogo com todas as forças, porque na política sozinho não se vai a lugar nenhum. Nós temos um bom diálogo com algumas figuras do PSDB, o Eduardo Leite é um, Tasso Jereissati, o Bruno, que é o presidente, vai depender muito de como se coloca”. (Bocão News)