O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), minimizou, na quinta, a atual crise no Palácio do Planalto, tratando a troca de farpas entre o presidente da República, Jair Bolsonaro , o filho Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno , como uma “questão familiar”. Sobre as acusações contra o ministro, ele disse que “não é seu advogado”, mas que é o PSL quem deve falar sobre o suposto esquema de candidaturas laranjas.

Em outubro, Bebianno era coordenador da campanha de Bolsonaro e presidente do PSL. Segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”, à frente do caixa eleitoral do partido, ele liberou R$ 400 mil do fundo partidário a uma candidata que teve apenas 274 votos. A suspeita é de que ela tenha sido usada como laranja pela legenda do presidente da República.

— Tenho acompanhado (a crise) pela imprensa. Eu prestei atenção em uma parte da entrevista do ministro Bebianno em relação ao partido. Acho que conduzir mesmo um Brasil, com tantas candidaturas… Acho que não era obrigação do ministro Bebianno (saber de tudo o que ocorre no partido). Eu não sou advogado dele. Não estou aqui para defender. Mas acho que é questão partidária. O PSL vai ter de falar sobre isso — disse Alcolumbre.

À revista Crusoé, em entrevista hoje, Bebianno alegou que repassou o dinheiro do fundo a pedido do diretório de Pernambuco . Ele disse que não conhece a política local e, por isso, não tinha como saber se a candidata que recebeu a verba era competitiva ou não.

Bebianno completou que quem deve analisar as contas da candidata é o Tribunal Regional Eleitoral e que, comprovada alguma ilegalidade, é o diretório quem deve responder por ela.
Alcolumbre disse que a troca de farpas pública entre o presidente, o filho dele e Bebianno é um “problema familiar”.

Ao GLOBO, na última terça-feira, Bebianno negou mal-estar com o presidente por causa das acusações e disse que falara com ele três vezes no dia. Ontem, Carlos Bolsonaro o desmentiu numa rede social, postando um áudio em que o pai se nega a falar com o ministro. O presidente usou sua conta pessoal para compartilhar a postagem de Carlos.

— Isso é um problema do governo. Não é do Senado. Essa é minha opinião e acho que é opinião dos senadores. É um problema de relação pessoal, familiar e o governo tem de decidir esse problema. Não foi criado pelo Senado ou pela Câmara. O governo tem de decidir. A gente está aqui para trabalhar pelo Brasil — disse o presidente do Senado.

Sobre o anúncio da oposição de que tentará convocar Bebianno a se explicar no Congresso , Alcolumbre disse que é uma iniciativa “legítima”, mas que a questão se trata de um “problema do governo, e não do Senado”.

O presidente do Senado negou que a crise no Planalto afete a agenda do Congresso e a tramitação da reforma da Previdência.

— A gente sempre viveu no Brasil muitos momentos de dificuldade. Esse é um momento de dificuldade do governo federal. Não é do Parlamento. O Parlamento vai se debruçar a partir do dia 20, quando o governo diz que vai encaminhar a reforma para debater e decidir qual é a reforma que vai apresentar ao Brasil. (Informações do Globo) Foto: Jorge William / Agência O Globo