Geraldo Magela/Agência Senado

Munido de decisão a seu favor do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza decidiu ficar em silêncio durante depoimento à CPMI do 8 de janeiro, na quinta-feira (21). Em rápida fala inicial, Wellington, preso no último dia 14 em operação conjunta da Polícia Federal com a polícia do Paraguai em Ciudad del Este, afirmou que só irá colaborar com a comissão de inquérito se os seus advogados tiverem acesso aos autos das investigações em que ele é alvo.

“Eu vou colaborar com vocês a partir do momento em que os meus advogados tiverem acesso aos autos acusatórios contra esta pessoa que aqui está, que até hoje não sabe porque tem pago um preço tão alto, e tanta humilhação. Quando eu tiver acesso aos autos, vocês podem me convocar novamente aqui que eu vou colaborar com vocês”, disse o depoente, que passou a repetir esta mesma resposta em questionamentos feitos pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

O blogueiro cearense Wellington Macedo foi condenado no dia 17 de agosto por seu envolvimento no caso da bomba colocada em caminhão de combustível próximo ao Aeroporto de Brasília, na véspera do Natal no ano passado. O Juiz da 8ª Vara Criminal de Brasília condenou Wellington Macedo a seis anos de prisão, em regime inicial fechado, e multa.

Os demais envolvidos no caso da bomba, George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, já tinham sido condenados, respectivamente, a nove anos e quatro meses de prisão e cinco anos e quatro meses, ambos também em regime inicial fechado.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), George Washington de Oliveira Sousa, Alan Diego dos Santos Rodrigues e Wellington Macedo de Souza, se encontraram durante as manifestações contrárias ao resultado das eleições presidenciais, em frente ao Quartel General do Exército em Brasília/DF, oportunidade em que decidiram se unir para praticar delitos. O objetivo dos denunciados, segundo o MPDFT, era cometer infrações penais que pudessem causar comoção social a fim de que houvesse intervenção militar e decretação de Estado de Sítio.

A participação de Wellington Macedo na tentativa de explosão de um caminhão de combustível foi descoberta porque o blogueiro na época usava tornozeleira eletrônica, e as informações do rastreamento permitiram identificar o caminho percorrido por ele no dia do crime.

Câmeras de uma loja e do próprio caminhão onde a bomba foi plantada revelaram o momento em que o carro de Wellington se aproxima lentamente do veículo, para que o cúmplice Alan Diego dos Santos Rodrigues colocasse a bomba. Wellington foi considerado foragido desde o dia 5 de janeiro deste ano, data em que foi decretada a sua prisão preventiva.

No dia seguinte à decretação de sua prisão, Wellington Macedo rompeu a tornozeleira eletrônica e seu paradeiro era desconhecido até a semana passada, quando foi preso no Paraguai.

Com o silêncio de Wellington Macedo perante às perguntas, a relatora, senadora Eliziane Gama, fez um relato da participação do blogueiro em atos antidemocráticos desde o ano de 2021. Wellington teve a sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes por incentivar atos antidemocráticos no dia 7 de setembro de 2021. Desde então, cumpria prisão domiciliar e usava tornozeleira eletrônica. Mesmo assim, frequentava o acampamento bolsonarista em frente ao quartel do Exército, em Brasília.

A relatora da CPMI mostrou vídeos e postagens que comprovam a participação do blogueiro cearense nos ataques contra o prédio da Polícia Federal em Brasília, no dia 12 de dezembro do ano passado. Na ocasião, bolsonaristas radicais tentaram invadir o prédio da PF e incendiaram veículos. (BN)