Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,83% em junho, 0,39 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de maio (0,44%), conforme divulgado nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o IBGE, mais de um terço da taxa registrada em junho é derivada das altas na gasolina e na energia elétrica.

No ano, o indicador acumula alta de 4,13% e, em 12 meses, de 8,13%, acima dos 7,27% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O índice é superior ao teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação deste ano, que é de 5,25%. No mês, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados para compor o indicador tiveram alta.

Veja o resultado do IPCA-15 para cada um dos grupos:

  • Alimentação e bebidas: 0,41%
  • Habitação: 1,67%
  • Artigos de residência: 1,38%
  • Vestuário: 0,88%
  • Transportes: 1,35%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,53%
  • Despesas pessoais: 0,32%
  • Educação: 0,03%
  • Comunicação: 0,15%

Pressão da energia elétrica e gasolina

Entre os grupos de produtos e serviços analisados para a composição do indicador, a maior variação de preços foi da habitação, que acelerou de 0,79% em maio para 1,67% em junho.

Segundo o IBGE, o aumento foi puxado pela energia elétrica devido à mudança na bandeira tarifária de vermelha patamar 1, que é de R$ 4,169 a cada 100kWh consumidos, para vermelha patamar 2, cujo valor é de R$ 6,243.

A mudança de bandeira ocorre diante da crise hídrica, que tem exigido o acionamento das termoelétricas, de energia mais cara. Os valores extras das bandeiras tarifárias são cobrados a cada 100 kWh consumidos.

Já o grupo de transportes respondeu pelo maior impacto sobre o IPCA-15 do mês. Depois de registrar deflação de 0,23% em maio, este grupo teve alta de 1,35% em junho, puxado pelo aumento de 3,69% nos preços dos combustíveis.

A gasolina teve uma das menores altas de preços entre os combustíveis, de 2,86%. Porém, ela é o item de maior peso sobre a inflação e já acumula alta de 45,86% nos últimos 12 meses.

Alta no preço dos alimentos desacelera

Os preços dos alimentos e bebidas continuam subindo, mas a alta desacelerou de 0,48% em maio para 0,41% em junho. A alimentação no domicílio passou de 0,50% para 0,15% no período. Segundo o IBGE, essa desaceleração foi puxada pelo recuo nos preços das frutas (-6,44%), da batata-inglesa (-9,41%), da cebola (-10,32%) e do arroz (-1,91%).

Entre as principais altas de preços dos alimentos está a das carnes (1,14%), seguida pelo leite longa vida (2,57%) e de alguns derivados como o queijo (1,99%). Na alimentação fora do domicílio o movimento foi inverso, com o índice acelerando de 0,43% em maio para 1,08% em junho, com a refeição passando de 0,16% para 0,86%, e o lanche de 0,72% para 1,67%.

Segundo o IBGE, essas altas podem ser explicadas, em parte, pelos aumentos nos preços dos produtos de proteínas como carne e queijos, assim como pela alta de outros custos assim como transporte e energia.

Alta em todas as regiões do país

O IBGE destacou que todas as 11 regiões do país pesquisadas para a composição do IPCA-15 apresentaram alta do indicador em junho. Em cinco delas, o índice foi maior que a média nacional. O menor foi registrado em Belém (0,29%), enquanto o maior foi em Porto Alegre (1,18%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados pelo IBGE entre 14 de maio e 14 de junho e comparados com aqueles vigentes de 14 de abril a 13 de maio de 2021. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos

Meta de inflação e perspectivas

A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 4,25% ao ano.

A projeção do mercado fica cada vez mais acima do teto da meta de inflação para o ano. Os economistas das instituições financeiras elevaram para 5,90% a estimativa de inflação em 2021, segundo pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central.

O mercado elevou para 6,50% ao ano a previsão para a Selic no fim do ano, o que pressupõe que haverá novas altas nos próximos meses. Para o fim de 2022, os economistas mantiveram a expectativa para a taxa Selic em 6,50% ao ano. Para 2022, o mercado financeiro estima uma inflação de 3,78%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. G1