Ao longo dos quatro primeiros anos à frente do Executivo baiano, o governador Rui Costa investiu na melhoria de índices de duas áreas fundamentais para a população: saúde e segurança. A primeira delas com a interiorização de serviços essenciais e projetos como as policlínicas. A segunda com tecnologia e inteligência – ainda que a sensação de segurança não tenha aumentado. No entanto, a área apresentada como prioritária no segundo mandato, a educação não apresentou melhora expressiva. Talvez por isso se justifique a demora em apresentar o secretariado: Rui só estaria interessado em indicar os novos titulares após definir quem vai para a Secretaria Estadual de Educação.

Até o momento as informações que circulam apontam que o governador quer alguém técnico para o cargo. Depois da passagem frustrante do senador Walter Pinheiro pela pasta – do ponto de vista do resultado prático dos índices de educação básica, principal base para avaliação do ensino público no Brasil -, Rui não quer deixar essa secretaria específica sob a tutela de um político. Tanto que já teria posto um fim na expectativa do PT de indicar um nome para o posto, mesmo que o indicado tenha perfil mais técnico.

Porém nem apenas de tecnicidades vive uma secretaria como a de educação. Durante boa parte da segunda gestão de Jaques Wagner e o pedaço inicial do comando de Rui, a pasta esteve sob a batuta do professor Osvaldo Barreto Filho, com experiência “em Política, Planejamento e Gestão Governamental, atuando com ênfase na formulação de políticas e de gestão de sistemas educacionais”, conforme o próprio currículo do titular da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. E, ainda assim, pouco se evoluiu na educação pública e a principal marca de Barreto se tornou uma greve de mais de 100 dias em 2012.

Em 2018, o Índice da Educação Básica (Ideb) do Ensino Médio colocou a Bahia na pior posição do Brasil. Os alunos baianos ficaram com 2.7 na avaliação que tinha como expectativa uma nota de 4.1. A Secretaria de Educação, logicamente, questionou a metodologia com que os dados foram obtidos – um padrão utilizado pelo governo do estado para evitar admitir que existem problemas nas mais diversas áreas, inclusive saúde e segurança. No entanto, não há como negar que, ainda que a metodologia tenha mudado, a pior posição no comparativo com outros estados é um sinal de alerta aceso e piscando, tal qual um farol de ambulância.

Rui escolheu exatamente a educação como prioridade para tentar reverter o quadro histórico negativo da baixa qualidade do ensino público na Bahia. Poucos foram os governantes nos últimos 40 anos que tenham se esforçado efetivamente para melhorar a rede estadual e, caso consiga colocar em prática o discurso, o governador pode entrar para os anais como um transformador social efetivo, diferente de muitos políticos que passaram pelo cargo e deixaram a desejar no investimento na área.

Caso se confirme que o governador aguarda a escolha do nome para a Secretaria de Educação para apresentar o primeiro escalão desse segundo governo, as razões para esperar são mais do que justificadas. Contanto que o futuro secretário seja, efetivamente, alguém apto a ser um bom gestor para avançar realmente na qualidade do ensino. Este texto integra o comentário desta terça-feira (22) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM. (Fernando Duarte)