A produção de veículos no Brasil aumentou 25,2% em 2017 ante 2016, para um total de 2,699 milhões. Apesar do crescimento, o número ficou 1,2 milhão de unidades menor do que o recorde histórico do setor, registrado em 2013. A produção em dezembro somou 213,7 mil veículos, um crescimento de 6,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.

 

Na comparação com novembro houve uma retração de 14,2%, o que foi considerada por Megale como natural em razão das férias coletivas nas fábricas. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, disse que apesar do avanço, o setor ainda trabalha com excesso de capacidade.

 

A venda de veículos no Brasil somou 2,24 milhões de unidades em 2017, um crescimento de 9,2% em relação à 2016. Foi a primeira vez, desde 2012, que o volume de emplacamentos de veículos novos superou o de usados no Brasil. As vendas em dezembro somaram 212,6 mil veículos, o que inclui carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Isso representou um avanço de 4,1% em comparação com mesmo mês de 2016.

 

Dezembro foi o segundo melhor mês do ano em vendas no mercado interno. Mas em termos de média diária, foi registrado o volume mais alto do ano, com 10.631 veículos licenciados, em média, por dia. Ao divulgar os resultados, Megale destacou o avanço nas vendas de carros elétricos e híbridos em 2017. Embora ainda pequeno, o volume total de 3,29 mil unidades, ficou três vezes maior do que no anterior.

 

A indústria automobilística fechou o ano com estoque equivalente a 31 dias de vendas, o que foi considerado por Megale como “próximo do ideal”. Segundo ele, dezembro foi o melhor mês do ano nas vendas de caminhões. A média diária de vendas de caminhões atingiu 304 unidades, o melhor resultado desde janeiro de 2015.

 

Exportação

A exportação de veículos atingiu recorde histórico em 2017. O embarque de 724,6 mil veículos durante o ano gerou receita de US$ 12,8 bilhões. “Esse resultado ajuda na geração de empregos”, disse Megale. O dirigente comemorou a celebração de acordo de intercâmbio comercial com a Colômbia, acertado nos últimos dias do ano. O entendimento prevê a possibilidade de o Brasil exportar para aquele país, em 2018, um total de 25 mil veículos livres de impostos.

 

“Ainda temos um espaço a ocupar na América Latina”, disse Megale. Ele está também na expectativa de um acordo com o Egito. No segmento de caminhões, a indústria tem tentado fechar acordo com países do Oriente Médio e África, segundo o vice-presidente da Anfavea, Luiz Carlos de Moraes. Em 2017, o volume de exportações de caminhões somou 31,3%. Em dezembro, a venda externa de 61,1 mil veículos representou uma queda de 2,6% em relação a igual mês de 2016.

 

Emprego

O nível de emprego na indústria de veículos cresceu 3,8% em 2017 frente ao ano anterior, totalizando 108,3 empregados. Megale atribuiu às ferramentas que permitiram suspensão temporária dos trabalhadores e redução da jornada a manutenção de boa parte dos empregados durante a crise.

 

Segundo o dirigente, a Anfavea, pretende solicitar audiência com a nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, para encaminhar o interesse do setor para que o governo mantenha apoio ao Programa Seguro Emprego (PSE). Esse programa permite reduzir a jornada com complementação salarial feita com recursos públicos.

 

A indústria automobilística encerrou o ano com 1,8 mil pessoas em dois programas dessa natureza. Cerca de metade estava no PSE e a outra metade no chamado “layoff”, que prevê afastamento temporário do local de trabalho. Megale lembrou que em março de 2016 havia mais 38 mil trabalhadores em PSE e “layoff”.

 

“Entendemos que o governo tem uma preocupação orçamentária. Mas como a necessidade de a indústria recorrer a essas ferramentas tem diminuído significativamente, consideramos que o governo entenderá a importância de manter o PSE”, disse Megale, durante divulgação dos resultados do setor em 2017.

 

2018

A direção da Anfavea espera um aumento de 13,2% na produção de veículos no país em 2018 e um crescimento de 11,7% nas vendas internas. Se as projeções se confirmarem, o volume produzido neste ano poderá chegar a 3,055 milhões de unidades. Já o mercado doméstico somaria 2,5 milhões de veículos. Nesse contexto, as vendas de automóveis alcançariam crescimento de 11,3% e a de caminhões, 24,7%.

 

Em 2017 já houve um crescimento de 25,2% na produção e de 9,2% nas vendas internas. A exportação continuará a puxar o crescimento da produção neste ano, segundo estimativas do presidente da Anfavea, Antonio Megale. A entidade prevê que em 2018 o setor enviará ao exterior total de 800 mil veículos, o que representaria um avanço de 5% em relação ao total de 2017, quando o volume exportado cresceu 46,5%.

 

Para Megale, o período eleitoral não traz grandes preocupações. Ele espera, inclusive, a manutenção da equipe econômica, “que é bastante qualificada”, mesmo que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, seja candidato à Presidência da República.

 

Megale não quis entrar em detalhes sobre o atraso na divulgação do Rota 2030, o programa automotivo. Por divergências na equipe econômica, a divulgação do programa, que substituirá o Inovar-auto, que terminou em dezembro, foi adiada. Megale disse somente que o próprio presidente Michel Temer se comprometeu com a Anfavea que o Rota 2030 sai até o fim de fevereiro. Informações do Valor Econômico