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Anualmente, é celebrado no dia 25 de maio o Dia da Indústria. Para destacar a data, a Tribuna da Bahia conversou com representantes da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) para saber como anda o segmento, que registrou o “tombo” de 14,3% na produção física de Transformação em 2021, de acordo com dados Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – PIM-PF, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro trimestre desde ano, porém, os sinais de recuperação apresentaram cerca de 3,5% de aumento na produção, enquanto o país registrou um declínio de 4,8% no mesmo período. Os setores de Refino, Químico, Petroquímico e de Mineração alavancam o crescimento.

“O setor Industrial está apresentando resultados positivos e deve ampliar investimentos no estado, contribuindo para a tendência de crescimento da indústria baiana: a exploração dos campos maduros de petróleo onshore, química e petroquímica e de mineração são as que mais crescem. O saldo líquido de empregos gerado pela indústria de transformação no período de janeiro a março deste ano foi de 4.900, principalmente no setor de calçados. Já na construção civil, que não podemos esquecer, foram quase 10 mil empregos gerados contando admissões e descontando as demissões. São resultados altamente positivos”, destaca o gerente de Desenvolvimento Industrial da FIEB, Marcus Verhine.

O fechamento da Ford, no início de 2021, e a redução na produção de derivados de petróleo da antiga Refinaria Landulpho Alves (atual Refinaria de Mataripe), que só teve seu processo de venda concluído em dezembro do ano passado, impactaram fortemente a produção industrial baiana. “Depois que as atividades da antiga Landulpho Alves foram assumidas pela Acelen, o setor vem apresentando bons resultados. Somente o setor  é responsável por quase 1/3 do valor de transformação industrial. Ano passado com a transição da Petrobras para Acelen tivemos um crescimento grande. A parada do 1º semestre teve impacto significativo. A  gente percebe um crescimento grande na produção a nível de 2021 que era de 65% e esse ano já estamos com 90% ou um pouco mais da capacidade de produção. O ritmo de operação é bem mais intenso”, destaca Verhine.

Além do aumento das atividades da refinaria, que, sozinha, representa quase 30% da produção industrial do estado, outros fatores contribuem para as expectativas positivas. Segundo Verhine, os parques eólicos, a expansão do setor de saúde na Região Metropolitana de Salvador e mesmo as demandas do agronegócio podem se apresentar como caminhos para deslanchar investimentos.

Recentemente, a 3R Petroleum assumiu a operação do Polo Recôncavo, adquirido no Programa de Desinvestimentos da Petrobras, em dezembro de 2020, por US$ 250 milhões. Formado por 14 campos terrestres de produção – Aratu, Ilha de Bimbarra, Mapele, Massuí, Cexis, Socorro, Dom João, Dom João Mar, Pariri, Socorro Extensão, São Domingos, Cambacica e Guanambi, o Pólo inclui Candeias, o mais antigo poço comercial do país, com 80 anos. A média diária da produção do Polo Recôncavo, em 2021 foi de aproximadamente 4.811 barris de óleo equivalente (boe), sendo 2.932 barris de óleo e 466 mil m³ de gás natural.

Maior player da petroquímica, a Braskem fechou 2021 com resultados significativos, tanto operacional recorrente quanto de lucro líquido e de geração de caixa. No primeiro trimestre deste ano, apresentou um lucro líquido de R$ 3,9 bilhões, 56% superior ao registrado nos três primeiros meses de 2021. A petroquímica também está trabalhando para ampliar a produção de polietileno verde (PE Verde) nacionalmente e vem investindo na modernização das plantas de Camaçari, com projetos que otimizam o consumo energético.

A mineração reagiu bem no primeiro trimestre. Mesmo sofrendo com questões de logística, um problema histórico, a valorização de minérios como o vanádio anima os produtores.

De acordo com a Secretaria do Trabalho (RAIS 2020), a indústria baiana responde por 16,6% do emprego formal no estado. Trata-se do setor que remunera melhor, com uma média salarial de R$2.528,27. Na Bahia, o setor industrial responde por 21,8% do PIB, contribuindo com mais de R$56 bilhões de valor adicionado à economia, segundo dados do IBGE (Contas Regionais 2019). A indústria é o setor mais dinâmico da economia. Sua atividade induz o desenvolvimento dos setores agrícola e de comércio e serviços, via efeito multiplicador.

O presidente da FIEB, Ricardo Alban, ressalta que, para superar questões históricas e o cenário de incertezas para fortalecer o setor, se faz necessária uma política industrial nacional. “Além de medidas macroeconômicas, precisamos de uma política industrial voltada para o aumento da competitividade, conectada à indústria 4.0 e que se adeque à nova realidade brasileira e global”.

TRBN/Por Cleusa Duarte