Foto: Projeto Baleia Jubarte

O Projeto Baleia Jubarte registrou 424 grupos da espécie, com 1.040 animais, dos quais 279 eram filhotes nascidos na Bahia e Espírito Santo, na temporada 2020, que foi de julho a novembro. A temporada se caracterizou por um aumento no nascimento dos filhotes. Conforme o projeto, as equipes de pesquisa navegaram mais de 4254 km, o equivalente a mais da metade da costa do Brasil.

As viagens renderam aos pesquisadores um grande volume de dados e amostras, além de imagens dos animais. Com a chegada do verão, as jubartes começaram a retornar à região Antártica para se alimentar. Com isso, as equipes de pesquisa se juntaram para analisar todos os dados coletados e se preparar para o próximo inverno, quando elas estarão de volta.

“Acabamos de enviar 209 amostras de pele de baleia para análise genética no Laboratório de Biologia Genômica e Molecular da PUC-RS, e estamos aguardando uma licença para exportar 58 amostras de gordura para a Universidade Griffith, na Austrália”, disse Milton Marcondes, Coordenador de Pesquisa do Projeto Baleia Jubarte.

Segundo um dos coordenadores do Projeto Baleia Jubarte, Eduardo Camargo, em 2019, 11,4% das baleias registradas eram filhotes e, neste ano, o número subiu para 17,6%. O coordenador explica que muitas baleias que vieram acasalar em 2019 tiveram seus filhotes neste ano.

“No final da temporada quase todo grupo que avistávamos tinha um filhote junto à sua mãe”. Nesta temporada, além do trabalho regular nas bases de Praia do Forte e Caravelas(BA) e em Vitória (ES), o Projeto Baleia Jubarte fez uma expedição desde Praia do Forte até Vitória para avaliar como está a ocupação do litoral baiano e capixaba pelas baleias.

Dificuldades

Algumas atividades programadas pelo Projeto Baleia Jubarte, porém, não puderam ser realizadas. Os estudos feitos na ilha de Santa Bárbara, no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, foram cancelados por causa das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Uma delas foi o turismo de observação de baleias, atividade que vem ganhando cada vez mais força ao longo do litoral brasileiro, que teve que ser interrompido.

“Uma pena que o turismo foi prejudicado, mas enfrentamos uma situação atípica assim como diversos outros setores, e já estamos trabalhando com os operadores para que a temporada 2021 seja de muito sucesso”, contou Eduardo Camargo. Entretanto, os pesquisadores acreditam que a diminuição do número de embarcações no mar pode ter sido positiva para as baleias.

A redução no transporte de carga e nas atividades pesqueiras deve ter diminuído o risco de atropelamento de baleias por navios e emalhe em equipamentos de pesca. Outra constatação do Projeto Baleia Jubarte é que com menos navios nos mares, os machos puderam cantar mais livremente para atrair as fêmeas, sem ter que competir com o ruído das embarcações.

Encalhes

De acordo com o Projeto Baleia Jubarte, até novembro foram registrados 68 encalhes de baleias na costa do Brasil. Embora este número seja um pouco maior que 2019, quando houve 60 encalhes, é bem menor que os 122 encalhes registrados em 2017.

“Existe uma tendência de crescimento no número de baleias que aparecem mortas nas praias porque a população de baleias está crescendo. Hoje temos mais de 20 mil jubartes no Brasil. Parte desta população morre de causas naturais, como doenças e velhice, e parte morre por influência de atividades humanas, como é o caso do emalhamento em redes de pesca e atropelamentos por grandes navios”, contou Milton Marcondes. G1