Promessa de melhoria no escoamento de grãos na Bahia, a Ferrovia Oeste Leste (Fiol), que está em construção desde 2011, tem gerado benefícios para o estado antes mesmo de começar a operar. As obras do sistema já produziram milhões de empregos em cidades localizadas no oeste e sudoeste do estado e, com isso, contribuem para o desenvolvimento econômico das regiões.

Um exemplo disso é a cidade de São Desidério, sede de um dos canteiros onde a obra vem sendo feita. O município é o maior produtor de grãos do país, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) agrícola da cidade chegou a R$ 3,63 bilhões, um novo recorde para o agronegócio baiano.

Nas ruas da cidade, que tem pouco mais de 33 mil habitantes, a expectativa dos moradores é grande. Todo mundo aposta que a ferrovia vai oferecer mais oportunidades de emprego e renda. Com a Fiol, além do comércio, outro setor que mais vai ser beneficiado é o agronegócio que terá como exportar os grãos produzidos na região de forma rápida e com custos bem menores, garantindo uma lucratividade maior para quem é produtor agrícola no oeste baiano.

Luis Sthalke é consultor agrícola de uma das maiores associações de agricultores e irrigantes do país e não tem dúvida que com a ferrovia a atividade agrícola dará um grande salto. Rose Cerrato é produtora rural e vê outros dois aspectos como responsáveis diretos pelo crescimento do agronegócio baiano a partir do funcionamento da Fiol: a agilidade no transporte daquilo que sai das fazendas para o futuro Porto Sul e também a redução do desperdício.

“Nós ganharíamos tempo. O que levaria cinco a seis dias para chegar ao Porto de Aratu, com certeza, em dois dias a ferrovia vai estar fazendo essa entrega até o porto”, disse. Segundo a produtora, pelas rodovias, com caminhões, a perda de grãos e o alto do custo do combustível são entraves para que os agricultores do oeste produzam mais, com menos despesas e maior lucro.

Fronteira agrícola de destaque no país, os produtores e moradores do oeste da Bahia esperam a conclusão da Fiol para que a região cresça ainda mais e se consolide como a grande produtora nacional de grãos.

O objetivo, além de manter os atuais mercados com maior competitividade, é expandir a exportação dos produtos agrícolas da região para outras partes do mundo. Com a ferrovia, esse objetivo fica mais próximo e vai contribuir para que a Bahia do futuro tenha ainda maior sucesso econômico.

Só de soja, a cultura mais plantada na região, por ano, o oeste exporta 3,6 milhões de toneladas por rodovias até o Porto de Aratu, em Candeias, na região metropolitana de Salvador, onde a produção é exportada.

Quando concluída, a Fiol vai ter 1.022 km de extensão em território baiano entre Barreiras, no oeste do estado, e o Porto Sul, em Ilhéus. O custo total da obra é de R$ 6,4 bilhões. Futuramente, o objetivo é interligar Barreiras com Figueirópolis, no estado de Tocantins, onde a Fiol se encontrará com a Ferrovia Norte Sul, que, quando estiver pronta, vai ligar o Maranhão a São Paulo.

Em alguns pontos da ferrovia baiana, existem trechos onde ainda tem muita coisa para ser feita. Enormes barrancos de terra foram erguidos para que os vagões carregados de soja, algodão, milho e outros produtos agrícolas possam passar com segurança levando a produção futura.

Contudo, muitos pontos já estão desenvolvidos. No trecho entre a cidade e Caetité, na região sudoeste, por exemplo, 36% da obra está finalizada, segundo a assessoria de imprensa da Fiol. Falta agora só a colocação dos trilhos. Na região, uma equipe trabalha para fazer a manutenção daquilo que já ficou pronto até que a ferrovia possa funcionar plenamente.

O trecho entre Barreiras e Caetité, onde há minério de ferro, tem 485 km de extensão. Já o outro ponto, que tem 537 km, é entre Caitité e Ihéus, onde vai ser construído o Porto Sul, e que já está com 74% das obras concluídas. Entre a conclusão das obras e o início da operação, está a expectativa dos moradores da região. G1