O promotor de Justiça da Bahia, Everardo José Yunes Pinheiro, afastado do cargo nesta terça-feira (14), e a esposa dele, a advogada Fernanda Manhete Marques, são investigados por pedirem dinheiro para arquivamento de um inquérito. A suspeita é de que o casal teria praticado crimes de corrupção e extorsão. Uma empresária, responsável pela administração de uma mobiliária, afirmou que contratou a advogada para resolver pendências na Justiça e recebeu uma proposta para arquivar processos contra a empresa.

De acordo com a denúncia da empresária, a advogada pediu R$ 50 mil, que depois aumentou para R$ 80 mil. Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), o promotor e a advogada estão proibidos de entrar no órgão e de se comunicar com funcionários ou usar os serviços do órgão, pelo mesmo período. O afastamento se deu por meio da Operação Kauterion, iniciada pela Procuradoria-Geral de Justiça e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) do MP-BA.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa e local de trabalho do promotor e da advogada, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, para o recolhimento de documentos que indiquem a associação dos investigados, além de provas de corrupção e ocultação de bens. Aparelhos celulares e mídias de armazenamento foram recolhidos. As medidas foram autorizadas pela Justiça, a partir de provas de envolvimento do promotor e da advogada em casos de corrupção.

A Ordem dos Advogados do Brasil seção Bahia (OAB-BA) também participou da operação, porque o estatuto da classe determina que buscas relacionadas a advogados sejam acompanhadas pela entidade. Em nota assinada pelo presidente da entidade na Bahia, Fabrício Castro, a OAB-BA afirma que apoia uma investigação profunda e rápida das condutas apontadas. “Consideramos inaceitável a corrupção no Judiciário, no Ministério Público. Quem da advocacia de alguma forma participar deve também sofrer as consequências. Vamos pedir acesso aos autos e encaminhar ao Tribunal de Ética da OAB, que adotará todas as medidas cabíveis para apuração rigorosa de eventuais condutas incompatíveis com a advocacia”, diz o documento. G1