EC Vitória

Negueba está com os ânimos renovados. O atacante do Vitória passou mais de um mês sob os cuidados da avó no distrito de Mangabeira, localizado a 32 km de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. Foi para o colo de dona Severina, 84 anos, que o jogador correu quando as atividades da Toca do Leão foram suspensas em 17 de março para evitar o contágio do novo coronavírus.

“Foi ótimo. É sempre bom estar ao lado da família, das pessoas que você ama de verdade. Minha vó é tudo pra mim, foi quem me criou e é maravilhosa. Faz minhas vontades e eu faço as dela”, conta o atleta de 20 anos. Na terra natal, Negueba comeu muita galinha caipira e driblou a ansiedade de voltar a jogar futebol.

“Vai ser uma felicidade enorme voltar ao gramados. Vai ser como se fosse a primeira vez”, vibra o atacante, que foi promovido ao elenco principal no final de abril. No começo da temporada, ele integrava o time de aspirantes, desfeito em meados de março em consequência da pandemia. Com as atividades suspensas e os campeonatos paralisados, a diretoria encerrou o projeto para reduzir custos.

Conquistar Geninho é a missão de Negueba quando os treinos presenciais forem reiniciados na Toca do Leão. A diretoria do Vitória aguarda liberação das autoridades governamentais. Por enquanto, os jogadores seguem em suas casas e as atividades físicas e táticas estão sendo realizadas através de plataformas digitais. De volta a Salvador desde o começo de maio, o atacante se vira como pode para manter a forma no apartamento onde mora, em Alphaville.

Contratado em setembro do ano passado após se destacar na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Globo-RN, clube que o revelou, Negueba assinou vínculo de cinco anos com o Leão. No entanto, pouco tempo depois de chegar à Toca sofreu uma lesão no ligamento colateral medial do joelho durante um treinamento.

“Nunca tinha me machucado e a primeira vez foi logo no Vitória. Time grande, de tradição. Me abalou um bocado”, admite. “Me atrapalhou, porque vinha num ritmo bom de jogos. Essa lesão atrapalhou todo o ritmo, o foco. A cabeça gira em mil pensamentos. Fiquei pra baixo. Passou um filme de que tudo que eu tinha conquistado seria em vão”, conta o atacante de 20 anos.

Em busca do gol
A estreia com a camisa do Vitória aconteceu em 18 de outubro, quando ele entrou durante a derrota por 1×0 para o Londrina, no Barradão, pela 30ª rodada da Série B do Brasileiro. Depois, só voltou a campo este ano, já integrado ao elenco de aspirantes. O atacante foi relacionado para as sete partidas do Campeonato Baiano, permaneceu no banco em três jogos, entrou no decorrer de outros três e foi titular na última rodada antes da paralisação do estadual.

“Eu tenho muita paciência. Sou um cara que, se estou no banco, minha mente é trabalhar mais forte ainda. Respeitei bastante o companheiro que estava no meu lugar, cada coisa no seu tempo”, afirma o jogador, que ainda não balançou a rede com a camisa vermelha e preta. Para Negueba, paciência é palavra de ordem na carreira. Apesar de ainda não ter conseguido se firmar no Vitória, ele tem convicção que isso acontecerá em breve, quando a pandemia passar.

“No Globo-RN, eu sempre vinha no banco. Aí em 2019 surgiu a oportunidade, fui destaque e mostrei minha capacidade. Estou muito feliz por ter a oportunidade de voltar ao elenco principal. Isso mostra que o meu trabalho está sendo visto. Em breve poderei mostrar o fruto do meu trabalho e espero fazer história com a camisa do Vitória”, projeta. Correio da Bahia